Jair Bolsonaro nem sequer havia definido o partido pelo qual disputaria as eleições de 2018 e, um anos antes, seus apoiadores gaúchos já se engalfinhavam publicamente pelo controle do diretório estadual da sigla favorita.
À época, dois grupos tentavam assumir o comando do PEN, futuro Patriota. Dois anos depois, as brigas se acumulam, agora no PSL. Confira:
Disputa pelo PEN
Em setembro de 2017, Jair Bolsonaro preparava sua filiação ao PEN, mas antes mesmo de oficializar a mudança começou a intervir dos diretórios estaduais da sigla.
No RS, colocou um advogado carioca à frente da legenda. Todos os diretórios municipais foram dissolvidos e, aos poucos, remontados. Bibo Nunes tentou controlar o partido, mas Bolsonaro acabou escolhendo o PSL e a maioria dos simpatizantes foi atrás.
A saída de Carmen Flores
Passada a eleição, a direção nacional do PSL decidiu retirar Carmen Flores da presidência do partido no Estado. Catapultada ao posto por Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Carmen havia concorrido ao Senado, ficando em quatro lugar, com 1,5 milhão de votos. Revoltada, ela deixou o partido. Em seu lugar, assumiu a presidência Luciano Zucco, mais votado para a Assembleia Legislativa no Estado.
Zucco renuncia
Durou pouco a permanência de Zucco à frente do partido. Em maio, o vazamento de um áudio mostrou Bibo Nunes xingando ele e o deputado federal Sanderson de "palhaços". Na gravação, enviada a um amigo, Bibo diz que vai destituir a dupla do comando da sigla e colocar o também deputado federal Nereu Crispim na presidência. Quatro dias depois, Zucco renunciou sob alegação de "comportamento agressivo" dos correligionários.
Trocas de socos
A crise se acirrou uma semana depois da renúncia de Zucco, com a revelação de nova gravação. O áudio registrou reunião da cúpula do PSL ocorrida em abril.
Após uma discussão em público entre Bibo e Zucco durante solenidade no Palácio Piratini, os parlamentares da sigla decidiram conversar na Assembleia. O encontro se transformou em balbúrdia, com Bibo ameaçando agredir o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ruy Irigaray, e o deputado estadual Vilmar Lourenço.
Rede de intrigas
A disputa pelo comando do partido motivou uma rede de intrigas, com direito a memes, acusações apócrifas e suspeita de espionagem. Os diversos grupos do PSL no WhatsApp são inundados todos os dias com material usado para tentar constranger adversários, como fotos de Zucco abraçado ao ex-presidente Lula, uma filiação antiga de Vilmar Lourenço ao PT e a "denúncia" de que Irigaray cursou o Ensino Médio em um curso supletivo.
Bibo x Nereu
No fim de junho, Bibo protagonizou outra confusão. Desta vez, ele reclamou que Crispim não pretendia cumprir a promessa de entregar a presidência do partido em 1º de julho. Amparado pela direção nacional, Crispim resistiu. Dias depois, Bibo voltou à carga, desta vez pedindo a expulsão do colega. Ele reclamou do projeto de Crispim que tenta impedir que políticos sejam processados com base na Lei de Improbidade Administrativa.