Em uma reação às críticas de que tem interferido na Polícia Federal (PF) e na Receita Federal, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que foi eleito justamente para tomar decisões e que não será um "banana" ou um "poste" no exercício do mandato.
— Houve uma explosão junto à mídia no Brasil, uma explosão. Está interferindo? Ora, eu fui (eleito) presidente para interferir mesmo, se é isso que eles querem. Se é para ser um banana ou um poste dentro da Presidência, tô fora — disse nesta quarta-feira (21) na abertura do Congresso Aço Brasil, em Brasília.
A pedido do presidente, foi trocado o comando da superintendência da PF no Rio de Janeiro. A ação causou um constrangimento ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Além disso, na segunda-feira (19) o subsecretário-geral da Receita Federal foi afastado, também após interferência de Bolsonaro.
— Na Polícia Federal, eu indiquei o Moro. E o Moro indicou o diretor-geral. E ali, no quarto escalão, há as superintendências. Onze já foram mudadas. Quando apareceu a do Rio de Janeiro, eu fiz uma sugestão de pegar o superintendente de Manaus — explicou Bolsonaro.
O presidente ressaltou que a Receita Federal "tem problemas" e que, por isso, deve haver novas mudanças, sem especificá-las.
— A Receita Federal tem problemas. Faz um bom trabalho, mas tem problemas. E devemos resolver esses problemas trocando gente — defendeu.
O cargo do subsecretário de Fiscalização da Receita, Iágaro Martins, por exemplo, também está em risco. Ele é visto como um integrante do órgão ligado ao Ministério Público e vem sendo criticado nos bastidores após investigações envolvendo a família de Bolsonaro.
A PF do Rio passa por momento delicado, especialmente após o caso Fabrício Queiroz, Policial Militar aposentado e ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Ele é pivô da investigação do Ministério Público do Rio que atingiu o senador e primogênito do presidente.
A apuração começou após um relatório do governo federal ter apontado a movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão na conta do ex-assessor do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.
Esse caso especificamente não está com a PF, mas há investigações que podem envolver os mesmos personagens.