O presidente Jair Bolsonaro reservou a sua agenda oficial para receber candidatos ao posto de procurador-geral da República.
Desde o final da semana passada, ele recebeu quatro postulantes à sucessão de Raquel Dodge, cujo mandato termina em setembro, todos sugeridos por aliados do presidente, que tentam emplacar um nome de perfil conservador.
Na sexta-feira (2), ele se reuniu com o subprocurador-geral Augusto Aras, apadrinhado do ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) e considerado hoje o favorito para a função.
Na quarta-feira (7), foi a vez de receber o procurador regional Lauro Cardoso, defendido pela bancada federal do PSL e quarto mais votado na eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
E, nesta quinta-feira (8), Bolsonaro teve audiências com o subprocurador-geral Marcelo Rabello, preferido da cúpula militar, e com o subprocurador-geral Paulo Gonet, defendido pelos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em comum, segundo relatos feitos à reportagem, todos se apresentaram como candidatos não afinados com a esquerda e demonstraram disposição em assumir o comando da Procuradoria-Geral da República.
Nas conversas reservadas, que teve ao longo desta quinta-feira (8), o presidente disse que pretende definir um nome apenas no final de semana, quando deve se reunir com seus conselheiros jurídicos.
Ele já definiu que quer alguém que não tenha vinculação com a esquerda ou com a defesa de minorias e que não adote postura de enfrentamento com o Poder Executivo.
O presidente também foi convencido a escolher um subprocurador-geral do Ministério Público Federal, função do topo da hierarquia, um requisito defendido por ministros do Supremo consultados pelo Palácio do Planalto.
Mais cedo, na entrada do Palácio do Alvorada, Bolsonaro disse ter pelo menos cinco nomes cotados para a função e disse que Aras ganhou um "pontinho positivo" pelas críticas que vem recebendo.
Em entrevista, concedida no final de 2016, o subprocurador-geral citou slogan do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atacou a direita radical e citou teses de siglas de esquerda.
As declarações levaram parcela da bancada federal do PSL, partido do presidente, a pregar que Bolsonaro refute o seu nome e escolha alguém mais afinado à sua administração.
Na tentativa de blindar medidas polêmicas de seu mandato, o presidente tem vinculado a sua escolha ao aumento de um perfil conservador no segundo escalão da Procuradoria-Geral da República.