Em novo vazamento de mensagens supostamente trocadas entre integrantes da Lava-Jato, divulgadas pelo The Intercept Brasil na madrugada deste sábado (29), procuradores do Ministério Público Federal (MPF) teriam criticado o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pelo que consideraram uma "agenda pessoal e política" da época em que era juiz federal.
Os procuradores teriam escrito que Moro infringia sistematicamente os limites da magistratura para alcançar o que queria. A procuradora Monique Cheker teria escrito, em 1º de novembro de 2018, uma hora antes de o ex-juiz anunciar ter aceito o convite de Jair Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça, que “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”.
De acordo com a publicação, integrantes da força-tarefa da Lava-Jato lamentavam que, ao aceitar o cargo, Moro colocou em eterna dúvida a legitimidade e o legado da operação.
Em 6 de novembro, o procurador Deltan Dallagnol também teria demonstrado preocupação com os danos causados à reputação e à credibilidade do trabalho realizado por cinco anos pela operação, principalmente no que se refere a alegações de parcialidade.
Em resposta aos contatos do The Intercept, o porta-voz da força-tarefa da Lava-Jato enviou que “o trecho do material enviado à Força-Tarefa não permite constatar o contexto e a veracidade do conteúdo. Autoridades públicas foram alvo de ataque hacker criminoso, o que torna impossível aferir se houve edições no material alegadamente obtido. A Lava-Jato é sustentada com base em provas robustas e em denúncias consistentes, analisadas e validadas por diferentes instâncias do Judiciário. Os integrantes da Força-Tarefa pautam suas ações pessoais e profissionais pela ética e pela legalidade.”
Já a procuradora Monique Cheker disse que “não tem registro da mensagem enviada e, portanto, não reconhece a suposta manifestação”.