Após o vazamento de mensagens de Sergio Moro com o procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol, o presidente Jair Bolsonaro mudou sua agenda de compromissos nesta terça-feira (11) para conversar com o ministro. O encontro, que ocorreu por volta das 9h no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, não estava previsto na agenda pública de Bolsonaro.
Até agora, o presidente não se pronunciou sobre o caso. Seus filhos e alguns de seus ministros, contudo, saíram em defesa pública do ex-juiz.
Este foi o primeiro encontro dos dois desde que conteúdo da troca de mensagens entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol veio a público, no domingo (9), por meio do site The Intercept Brasil.
Após conversa reservada entre o presidente e o ministro, os dois foram juntos a um evento no Grupamento de Fuzileiros Navais em Brasília, em um barco que navegou pelo Lago Paranoá. Na segunda (10), o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, descartou a possibilidade de demissão de Moro do Ministério da Justiça.
— Jamais foi tocado nesse assunto — afirmou, ao ser questionado sobre a possibilidade de Moro deixar o cargo.
Rêgo Barros disse que o presidente não comentaria o vazamento de mensagens e que ele aguardava a apresentação de explicações do ministro sobre o episódio. Moro passou a segunda-feira em Manaus em viagem a trabalho. No Norte do país, o ex-juiz da Lava Jato disse "não ter visto nada de mais" no conteúdo de sua conversa com o procurador.
Ainda segundo o porta-voz, Bolsonaro conversou por telefone com Moro na segunda. Rêgo Barros afirmou "desconhecer" se Bolsonaro leu as matérias que relatam a troca de conversas entre Moro e Dallagnoll.
Mensagens divulgadas no domingo (9) pelo site The Intercept Brasil mostram que Moro e Deltan trocavam colaborações no processo da Operação Lava-Jato. Os dois discutiam casos em andamento e comentavam pedidos feitos à Justiça pelo Ministério Público Federal.
Após a publicação das reportagens, a equipe de procuradores da operação divulgou nota chamando a revelação de mensagens de "ataque criminoso à Lava-Jato". Também em nota, Moro negou que haja no material revelado "qualquer anormalidade ou direcionamento" da sua atuação como juiz.
A Polícia Federal tem ao menos quatro investigações abertas para apurar ataques de hackers em celulares de pessoas ligadas à Operação Lava-Jato, em Brasília, São Paulo, Curitiba e Rio. Uma das suspeitas é a de que os invasores tenham conseguido acesso direto a aplicativos de mensagens dos alvos, sem precisar instalar programas para espionagem.