Em passagem pelo Rio Grande do Sul, o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, disse nesta sexta-feira (3) ainda não ter elementos suficientes para se pronunciar sobre o fuzilamento do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador de recicláveis Luciano Macedo,ocorrido no dia 7 de abril, no Rio de Janeiro. De acordo com o general, é preciso aguardar o trabalho da Justiça antes de avaliar o caso.
— Primeiro lugar, o assunto está sendo investigado, está sendo esclarecido pela Justiça. Enquanto não tivermos o resultado das investigações, do processo em que o Exército entregou em menos de 48 horas os envolvidos para que a Justiça esclarecesse os fatos... Enquanto não tivermos os elementos a respeito da total veracidade daquilo que aconteceu, não temos o que se pronunciar. A Justiça que vai esclarecer – disse o general.
Os militares que participaram da ação no Rio disseram ter confundido o carro em que estava o músico e quatro familiares com o veículo de criminosos – ao menos 80 tiros foram dados contra o veículo. O catador de recicláveis foi baleado ao tentar ajudar a família e morreu 11 dias depois.
O laudo de necrópsia, ao qual o G1 e o Jornal Nacional tiveram acesso, indicou que Evaldo morreu com nove tiros de fuzil. Já o catador foi atingido por três disparos. O documento faz parte do Inquérito Policial Militar conduzido pelo Exército.
No dia seguinte ao crime, Luciana Oliveira, viúva do músico, disse que os militares deram risadas depois de fuzilar o veículo.
— Eles riram. Chamei eles de assassinos e eles riram. Debocharam. Essas pessoas têm que pagar, principalmente pelo deboche. Eles debocharam o tempo todo. Vocês não sabem o que estou sentindo, não desejo isso para ninguém — disse Luciana, à época.
No começo da semana, o Ministério Público Militar (MPM) pediu à Justiça a soltura dos nove militares acusados pelas mortes. O pedido de liberdade faz parte de um habeas corpus impetrado pela defesa do grupo e deve ser levado ao plenário do Superior Tribunal Militar (STM).
Críticas de Olavo de Carvalho
O comandante do Exército também comentou as críticas de Olavo de Carvalho a membros do governo, sobretudo às Forças Armadas. Em vídeo publicado em abril, o escritor questionou, entre outros pontos, a contribuição das escolas militares para o país e disse que o regime militar (1964-1985) “destruiu os políticos de direita”.
— Não me interessa, não tenho conhecimento. Palavras que são colocadas de forma pessoal não atingem a instituição — disse Pujol.