"Soldados do Exército brasileiro ASSASSINARAM um pai de família disparando 80 TIROS contra seu carro num bairro do Rio. 80 TIROS! OITENTA! O pai morreu diante de seu filho de sete anos de idade. A família ia a um chá de fraldas. Por acaso, ou talvez não por acaso, a vítima era negra. Se fosse um branco, será que eles disparariam 80 tiros? Ou dariam um único tiro de advertência, para o alto? Ou, quem sabe, numa medida extrema, no pneu? Segundo a mulher da vítima, que estava no carro, quando ela pediu que os soldados ajudassem seu marido, eles riram e debocharam. Ririam e debochariam se fosse um homem branco que estivesse morrendo?
Isso aconteceu no Rio de Janeiro, onde o governador do Estado decretou pena de morte. Sim, simplesmente isso: pena de morte. Porque o governador anunciou que colocará atiradores de elite em pontos estratégicos da cidade. Se esses atiradores virem alguém com uma arma na mão, a ordem é disparar “na cabecinha”. Foi o que ele disse: “Na cabecinha”.
Hoje, o governador declarou que não quer fazer “juízo de valor” a respeito do assassinato cometido pelos soldados. Ora, é obrigação dele fazer juízo de valor. É obrigação dele condenar o crime que foi cometido. Mas o governador sabe que não pode. Porque ele mesmo, ao fazer as declarações que fez, ao decretar pena de morte informal no seu estado, estimulou esse tipo de ação.
Faz tempo que o país não vem bem, todos sabem disso. Mas, agora, o Brasil parece caminhar rumo às trevas.
Ouça abaixo a íntegra do comentário de David Coimbra no programa Timeline: