Se a economia vai bem, as pessoas não se queixam. Não veem a necessidade de mudança, se estão com emprego. Mas, se pegarmos o período de Getúlio Vargas para cá, as épocas em que ocorreram as maiores altas econômicas foram a do Médici e a do Lula. Vemos características bem parecidas no crescimento do Brasil, principalmente em emprego. E não foi por acaso as coisas que aconteceram depois, porque não foram tomadas medidas estruturantes para que aquele crescimento tivesse sustentabilidade. Mais do que isso, revertê-lo para coisas que realmente importam como, por exemplo, a educação básica e outros fundamentos que um país deve ter.
Claro, alguém vai dizer "ah, o Lula fez universidades", mas educação básica não. Um país é fundamentado na educação básica e em estruturas para a saúde, sobretudo. Um país muito desigual, como o Brasil, precisa de certa atenção do Estado. Por isso, não dá para fazer uma agenda completamente neoliberal, como muitas pessoas pregam. Existe muita desigualdade, e é preciso cuidar disso também, porque algumas pessoas não têm condições.
Estava vendo a foto de uma fila de emprego em São Paulo, fila gigantesca para nove mil empregos. É um programa que eles fazem para dar emprego às pessoas. Esse mesmo projeto, tempos atrás, ofereceu cinco mil vagas, e também tinha um mar de gente como naquela foto em que eu vi. Milhares e milhares de pessoas apareceram, mas eles não conseguiram preencher todas as vagas. Apenas três mil das cinco mil oportunidades foram ocupadas, porque a maioria das pessoas que se apresentou não cumpria as exigências básicas para a função. E era uma atividade simples, um salário baixo, R$ 1.500. Então, o que falta para as pessoas no Brasil também é preparo, educação, treinamento. Essas, por exemplo, se não tiverem algum tipo de atendimento vão ficar submersas na ignorância, na pobreza, na miséria. É preciso fazer alguma coisa por elas, porque, sozinhas, não vão conseguir.