Nenhum partido se sente representado no governo federal e o centrão é fundamental à aprovação da reforma da Previdência. As afirmações foram feitas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), durante palestra a empresários e à comunidade judaica nesta sexta-feira (31), em Porto Alegre.
Alcolumbre inaugurou o projeto Novos Horizontes, série de encontros promovida pela Federação Israelita do Rio Grande do Sul e pelo Lide-RS. Questionado sobre o ritmo das reformas no Congresso e o comportamento do centrão, o senador defendeu o grupo político e disse que parlamentares ainda estão se adaptando a uma nova forma de interlocução promovida pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo Alcolumbre, as reformas têm avançado com lentidão porque ninguém sabe ainda o tamanho da base governista.
— Todas as votações começam e terminam sem ter um número mínimo. E,sem número mínimo, causa para todos nós uma apreensão a todo momento. É um modelo novo, onde nenhum partido se sente representado como parte desse governo — afirmou, defendendo uma mudança no entendimento entre o Congresso e o Executivo.
O senador garantiu que as mudanças na Previdência são prioridade e estão acima de eventuais rusgas entre os dois poderes. Garantindo que a reforma deve ser aprovada no Senado e promulgada até o fim de setembro e começo de outubro, ele criticou o que chama de criminalização do centrão, atacado nas manifestações de apoio ao governo do último domingo (26).
— Acho muito pejorativo quando a gente começa a rotular homens e mulheres do centrão como pessoas que estão ameaçando ou chantageandoo governo para votar as reformas. Vamos ser francos, a reforma precisa de 308 votos. São 513 deputados, 150 se manifestaram contra, 150 a favor. Ondeestão os 200 votos para apoiar as reformas? No tal centrão que estão criminalizando. Agredir o centrão é agredir as reformas — afirmou.
Alcolumbre comentou ainda a polêmica em torno das votações de medidas provisórias. Ele voltou a garantir que a MP que flexibiliza o código florestal não será apreciada pelo Senado e marcou para segunda-feira (3) a votação de outras duas normas que estão prestes a caducar, entre elas a que cria um pente-fino nos benefícios do INSS. Ao citar o acordo estabelecido com a Câmara para votar na quarta-feira (5) uma proposta de emenda à Constituição que altera as regras para a aprovação de medidas provisórias no Congresso, ele disse que o Senado não é mero "carimbador" de MPs.
— O Senado não pode ser apenas uma casa carimbadora, que é o que acontece em muitos casos, especialmente em relação às medidas provisórias, quando uma matéria chega faltando 24 horas ou 48 horas para perder a validade. (A medida) Vai estabelecer um prazo, um rito, de 90 dias para a Câmara dos Deputados e 30 dias para o Senado — declarou.
O presidente do Congresso atribuiu ainda a iminência de uma nova recessão "à falta de confiança em um Estado eficiente e equilibrado". Além de salientar a importância de aprovação da nova Previdência como forma de devolver ao governo potencial de investimento, ele defendeu uma reforma tributária que descentralize a arrecadação de recursos, beneficiando sobretudo os municípios.
— Um Estado que tem R$ 48 bilhões de capacidade de investimento em ou orçamento de mais de R$ 1,5 trilhão é um Estado que está falido. É preciso equilibrar as contas.