Em entrevista à revista Veja, publicada nesta sexta-feira (31), o presidente Jair Bolsonaro falou sobre as angústias do cargo, a nomeação equivocada do ex-ministro da Educação, a bronca em Olavo de Carvalho, a prisão de Lula, o escândalo dos laranjas e a bancada de parlamentares do PSL. Sobre o cargo, Bolsonaro compara a cadeira no Planalto à criptonita para o Super-Homem.
Veja alguns trechos da entrevista:
Pressão na Presidência
— Já passei noites sem dormir, já chorei pra caramba também. Angústia, né? Tá faltando o mínimo de patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil. O pessoal não está entendendo para onde o Brasil está indo. Não preciso dizer quem são essas pessoas. Elas estão aí. Imaginava que ia ser difícil, mas não tão difícil assim. Essa cadeira aqui é como se fosse criptonita para o Super-Homem. Mas é uma missão, entendo que Deus me deu o milagre de estar vivo. Nenhum analista político consegue explicar como eu cheguei aqui, mas cheguei e tenho de tocar esse barco.
Vélez e Olavo de Carvalho
— Errei no começo quando indiquei o Ricardo Vélez como ministro. Foi uma indicação do Olavo de Carvalho? Foi, não vou negar. Ele teve interesse, é boa pessoa. Depois liguei para ele: "Olavo, você conhecia o Vélez de onde?". "Ah, de publicações". "Pô, Olavo, você namorou pela internet?", disse a ele. Depois, tive de dar uma radicalizada. Em conversas aqui com os meus ministros, chegamos à conclusão de que era preciso trocar, não se pode ter pena, e trocamos.
Lula
— Costumo dizer muitas vezes: se você está comendo coisa não muito boa e passa a comer uma coisa boa, legal. Mas, quando você está comendo bem e volta a comer uma coisa ruim, você sente. Ele saiu de uma situação de líder para a de um cara preso, condenado por corrupção. Apesar disso, não tenho nenhuma compaixão em relação a ele. Ele estava trabalhando para roubar também a nossa liberdade.
PSL
— É um partido que foi criado, na verdade, em março do ano passado e buscava pessoas, num trabalho hercúleo no Brasil. Então nós fomos pegando qualquer um: "Quebra o galho, vem você, cara, vamos embora". E tem muita gente que entrou e acabou se elegendo com a estratégia que eu adotei na internet.
Laranjas
— Veja o caso do ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo, pivô do escândalo), investigado por irregularidades eleitorais. Eu tenho um compromisso com o Moro. Tem de ter algo de concreto. Só em cima de denúncias fica complicado. Ele nem é réu ainda, não foi denunciado. Deixa apurar um pouquinho mais.
Queiroz
— Estou chateado porque houve depósitos na conta dele, ninguém sabia disso, e ele tem de explicar isso daí. Eu conheço o Queiroz desde 1984. Foi meu soldado, recruta, paraquedista na Brigada de Infantaria Paraquedista. Ele era um policial bastante ativo, tinha alguns autos de resistência, contou que estava enfrentando problemas na corporação. Vocês sabem que esse pessoal de esquerda costuma transformar muito rapidamente auto de resistência em execução. (...) Então existe essa amizade comigo, sim. Pode ter coisa errada? Pode, não estou dizendo que tem. Mas tem o superdimensionamento porque sou eu, porque é meu filho. Ninguém mais do que eu quer a solução desse caso o mais rápido possível.