O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, acatou um pedido do presidente Jair Bolsonaro, demitiu um diretor do banco e mandou retirar do ar uma campanha publicitária dirigida ao público jovem com atores que representavam a diversidade racial e sexual.
No ar desde o início de abril, a propaganda foi suspensa no último dia 14 depois que o presidente assistiu ao filme. Participaram atores jovens, negros, tatuados e uma transexual.
Bolsonaro ligou para Novaes solicitando não somente a retirada da campanha do ar como a demissão do diretor de marketing do Banco do Brasil, Delano Valentim.
O banco confirmou a ligação do presidente para Novaes e que o executivo do banco atendeu aos pedidos de Bolsonaro. O caso foi divulgado nesta quinta (25) pelo jornal O Globo.
Oficialmente, Novaes disse que foi "uma decisão de consenso".
Pessoas que acompanharam as discussões, no entanto, afirmam que o presidente do Banco do Brasil não tinha visto a campanha até a ligação de Bolsonaro.
Valetim entrou em férias logo depois que o vídeo foi retirado do ar.
Desde que Novaes assumiu o comando do Banco do Brasil, delegou às suas equipes de marketing e de tecnologia um plano para atrair jovens com uma linguagem mais moderna e com serviços via internet capazes de competir com as fintechs, hoje uma ameaça concreta aos maiores bancos e que têm entre os jovens seus maiores adeptos.
Este é o segundo episódio de ingerências do Palácio do Planalto no Banco do Brasil. Logo que assumiu o posto, Novaes nomeou como um de seus assessores pessoais Antônio Rossell Mourão, filho do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão. Rossell Mourão era funcionário do banco há duas décadas, metade na área de agronegócio. Com a promoção, triplicou o salário para cerca de R$ 37 mil.
Novaes só conheceu o filho de Mourão durante a campanha.
Procurada, a assessoria do presidente Bolsonaro não retornou até a conclusão dessa reportagem.