Em uma das manifestações coordenadas pelo movimento Vem Pra Rua em capitais pelo Brasil, o Parcão, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, recebeu centenas de manifestantes vestidos de verde e amarelo na tarde deste domingo (7) com faixas e coros de protesto, sobretudo contra a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF).
A data foi escolhida por ser um ano depois da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fato que rendeu um "Parabéns a Você" puxado pelo vereador Felipe Camozzato (Novo). Além dele, autoridades como o senador Luis Carlos Heinze (PP) e os secretários municipais Ramiro Rosário e Comandante Nádia discursaram em um carro de som posicionado no limite da Avenida Goethe com a Mostardeiro. A manifestação se concentrou deste ponto até a altura da primeira parada de ônibus da Avenida Goethe, paralela ao parque.
O principal alvo dos manifestantes era a atuação do Supremo Tribunal Federal, presente em faixas como "STF é uma vergonha" e "Lava-Jato fica, STF sai" e em coros como "oleolê, oleolê, STF é puxadinho do PT".
— Eles (STF) estão querendo soltar o Lula (condenado) em segunda instância. E estão fazendo principalmente por debaixo dos panos. O Toffoli (Dias Toffoli, presidente da Corte) já tentou de madrugada fazer isso. Ele não fez porque está todo mundo abrindo a boca. O Toffoli entrou lá dentro porque a Dilma colocou ele lá, não por concurso. A maioria deles não são concursados. Eles entraram por debaixo do pano e agem contra o povo — declara Nair Koslowsky, 60 anos, embora Toffoli tenha sido indicado por Lula, e não por Dilma e não haja concurso para o STF.
Em 19 de dezembro passado, Toffoli suspendeu uma liminar no ministro Marco Aurélio Mello que poderia beneficiar o ex-presidente. A medida congelava a suspensão de execução de pena e determina a "libertação daqueles que tenham sido presos" em segunda instância. Outro ministro citado era Gilmar Mendes, de quem os manifestantes pediam impeachment por ter decisões "políticas contra a Operação Lava-Jato".
A manifestação também gritou palavras de ordem em defesa do ministro da Justiça, Sergio Moro, e do pacote de medidas de segurança enviado por ele ao Congresso. O governo do presidente Jair Bolsonaro foi pouco citado no palanque, mas, em entrevistas, manifestantes disseram estar aprovando o mandato até então.
— É muito difícil mexer com o status quo. Com o que está estabelecido. Essas viagens aos Estados Unidos, por exemplo, é um ponto positivo. São países de primeiro Mundo, são expoentes. Ou você se aproxima de países assim, ou fica na mediocridade com o Uruguai, com o Paraguai, com a Venezuela — declara Álvaro Schein, 72 anos.
O julgamento do STF sobre condenações em segunda instância, então marcado para 10 de abril, foi retirado da pauta do tribunal na semana passada por decisão de Toffoli. O adiamento partiu de um pedido feito pela Ordem dos Advogados do Brasil.