O presidente Jair Bolsonaro admitiu a participação do filho Carlos Bolsonaro na operação de suas redes sociais, defendeu-o de críticas e acha que ele deveria ter um cargo de ministro em seu governo.
— Ah, o pitbull? Tá atrapalhando o quê? Não me atrapalhou em nada. Acho até que devia ter um cargo de ministro. Ele que me botou aqui. Foi realmente a mídia dele que me botou aqui. E ele não tá pleiteando cargo de ministro. Poderia botá-lo, mas não pleiteando isso aí — disse o presidente durante entrevista à Rádio Jovem Pan, na qual falou sobre os cem primeiros dias de seu governo.
— Twitter, Facebook e Instagram não tomam nem 30 minutos do dia. Quem realmente me ajuda nessa coordenação é o Carlos Bolsonaro. Por isso muita gente quer afastá-lo de mim — reforçou o presidente.
Muito próximo ao pai, Carlos Bolsonaro é vereador no Rio de Janeiro pelo PSC e foi o responsável pela estratégia de comunicação nas redes durante a campanha eleitoral. No período de transição, Bolsonaro chegou a cogitar a recriação da Secretaria de Comunicação Social e a nomeação do vereador para chefiá-la.
Devido a críticas, o então presidente eleito desistiu da ideia e manteve a Secom subordinada à Secretaria-Geral da Presidência - que começou o governo Bolsonaro tendo como titular Gustavo Bebianno, braço direito de Bolsonaro na campanha e desafeto do filho.
À época, Carlos reagiu dizendo que estava se afastando da gestão das redes sociais do pai para retomar a atividade como vereador no Rio de Janeiro. E disparou contra a imprensa.
"Já falei que não aceitarei ministério ou secretaria com status de, mesmo que tal situação seja permitida por lei. Repito novamente e novamente... Sigo meu trabalho sem problema algum no Rio. O resto das especulações é desconhecimento ou mau caratismo mesmo. Fim da história!", escreveu. Logo depois, reforçou: "Grande parte da imprensa não passa de um monte de lixo manipulador!"
O afastamento, contudo, durou pouco, e Carlos voltou a ter participação ativa nas redes sociais do pai, ajudando na estratégia de comunicação sobre a reforma da Previdência.
Em fevereiro, Carlos Bolsonaro teve participação direta no episódio que levou à demissão de Bebianno, envolvido no escândalo dos laranjas do PSL. O vereador afirmou que o ex-ministro mentiu quando disse que tinha falado com o pai - o ataque foi endossado pelo próprio presidente.
A presença e influência de Carlos junto a Bolsonaro ainda é alvo de questionamentos dentro do governo e junto a aliados. Mas o presidente dá novos sinais de que não pretende restringir essa atividade.