Cinco dias após o desmentido público que inaugurou a primeira crise política do governo, o presidente Jair Bolsonaro formalizou, na tarde desta segunda-feira (18), a demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. A exoneração divulgada às 18h26min pelo porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, após um dia inteiro de expectativa nos principais gabinetes de Brasília. O cargo será ocupado pelo general Floriano Peixoto, até então secretário-adjunto do ministério.
A queda de Bebianno era esperada desde sexta-feira, quando Bolsonaro decidiu demitir o auxiliar. Durante o final de semana, especulou-se que o ato seria formalizado na edição ordinária do Diário Oficial desta segunda-feira, o que não ocorreu.
A letargia para consumar a demissão foi atribuída pelos militares que rondam Bolsonaro à insistência do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em preservar o colega. Para Onyx, a presença de Bebianno no Planalto é uma questão de sobrevivência política. Desgastado com os generais, ele teme ficar isolado caso se torne o único ministro civil do palácio. Bebianno também auxiliava na interlocução com o Congresso, onde a base governista ainda carece de liderança e solidez.
Ainda na sexta-feira, Onyx havia convencido Bolsonaro a mantê-lo no governo. Tudo mudou quando surgiram na imprensa áudios de conversas atribuídas ao presidente, supostamente vazadas por Bebianno. Alegando quebra de confiança e disposto a não passar a impressão que era refém do auxiliar, Bolsonaro ouviu outros ministros e chegou a conclusão que não havia como despachar no mesmo prédio que o agora desafeto.
Como paliativo para contornar a situação, o presidente teria oferecido uma transferência para a embaixada de Roma, na Itália. Bebianno declinou. Antes, já havia recusado uma diretoria na usina hidrelétrica de Itaipu.
No início da tarde desta segunda, diante da inquietude geral com a demora na tomada de decisão oficial, emissão, o vice-presidente Hamilton Mourão avisou que "de hoje não passa".
Embora inicialmente tenham trabalhado pela manutenção de Bebianno, os militares consideram a demissão do secretário-geral uma oportunidade de ampliar o raio de ação dentro do governo. A ideia é se assenhorar de áreas consideradas estratégicas - a pasta, por exemplo, planeja ações na região amazônica.
Os generais também não escondem a contrariedade com o prolongamento da crise, justo às vésperas do envio da reforma da Previdência ao Congresso, previsto para quarta-feira (20).