O governador Eduardo Leite chega aos cem dias de governo nesta quarta-feira (10) prestes a aprovar na Assembleia Legislativa o fim da exigência de plebiscito para privatização da CEEE, da Sulgás e da CRM. Prioridade no início da gestão, a medida é considerada fundamental para viabilizar a adesão do Estado ao regime de recuperação fiscal da União.
Embora proposta semelhante tenha sido enviada ao Legislativo pelo governo anterior, agora o texto tramita com rapidez graças à ampla base formada pelo atual ocupante do Palácio Piratini. Com 14 partidos e 40 deputados, Leite construiu maioria folgada para aprovar em plenário até mesmo mudanças na Constituição, caso das estatais, cuja exigência é de 33 votos favoráveis.
— Trabalhamos com cautela e celeridade. Neste início, não queríamos criar distrações, então o foco é todo nas estatais. Em paralelo, tivemos a redução dos índices de violência e lançamos o programa de concessões, conquistas que o governo reconhece como continuidade da gestão anterior. Estamos avançando — avalia o líder do governo na Assembleia, deputado Frederico Antunes.
A exitosa articulação política não evitou ruídos, como a recusa do então secretário de Desenvolvimento Econômico, Dirceu Francisco (PTB), de permanecer na pasta, abrindo mão do mandato de deputado. O imbróglio deixou a secretaria sem titular por mais de um mês e atrasou a nomeação de dirigentes da Junta Comercial, prejudicando as atividades do órgão. A letargia do governo em resolver a situação gerou críticas no meio empresarial e na oposição.
— O governo trabalha numa absoluta lerdeza interna, e essa demora para definir a equipe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico é a marca dessa gestão. Uma pasta estratégica para a retomada do crescimento do Estado ficou relegada a segundo plano — reclama o deputado Luiz Fernando Mainardi (PT), líder da maior bancada de oposição.
Mainardi elogia o espírito democrático e aberto ao diálogo do governador, e boa parte da oposição apoiou a prorrogação das alíquotas elevadas do ICMS por mais dois anos. A avaliação dos cem primeiros dias, no entanto, é de que o Piratini se apegou exclusivamente à proposta de venda de estatais, sem priorizar uma agenda econômica e a defesa dos interesse do Estado junto ao governo federal.