Frente à articulação política do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foi enfático nesta quinta-feira (21) sobre a necessidade de um esforço conjunto para a aprovação da reforma da Previdência. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o ministro citou o governo do ditador Augusto Pinochet, no Chile, para justificar os benefícios das mudanças a longo prazo:
— O que temos que ter consciência é que neste momento ou o Brasil faz um grande pacto, superamos as dificuldades inclusive ideológicas, no sentido de poder construir um futuro para o nosso país, ou não temos futuro — afirmou o ministro, citando crises enfrentadas por outros países, como Portugal, a Grécia e, principalmente, o Chile.
— No período Pinochet, o Chile teve que dar um banho de sangue. Triste, o sangue lavou as ruas do Chile, mas as bases macroeconômicas fixadas naquele governo, já passaram oito governos de esquerda e nenhum mexeu nas bases colocadas no Chile no governo Pinochet — completou.
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Para o ministro, diferente da situação do Chile, no Brasil, "para que a transformação chegasse neste momento, só correu sangue do presidente Bolsonaro, de mais ninguém", em referência ao ataque sofrido pelo presidente durante a campanha, em Minas Gerais .
— Graças a Deus, ele está bem, está salvo, com a saúde em dia, e o Brasil se preparando para, feita a nova Previdência, poder entrar no portal que o leva a um novo mundo — enfatizou.
Mais tarde, diante da repercussão da fala do ministro, a colunista Rosane de Oliveira voltou a questioná-lo sobre a referência ao "banho de sangue" no Chile.
— O Chile, para poder ser o que ele é hoje, com US$ 24 mil de renda per capita ao ano, um país que tem absoluta independência, que tem prosperidade, que tem educação de qualidade, tu anda livremente nas ruas sem nenhum medo à meia-noite, o que a gente não consegue fazer nas cidades brasileiras... foram lançadas as bases que permitiram que este país pudesse se consolidar — disse Onyx. — Provavelmente a turma da esquerda se incomodou porque eu reconheci algum mérito no governo Pinochet.
— Não, foi pelo banho de sangue que as pessoas se incomodaram — relatou Rosane de Oliveira, citando mensagens de ouvintes no WhatsApp da Rádio Gaúcha.
— E no Brasil, que o presidente teve que dar o seu sangue? Ninguém fala, ninguém ficou revoltado? — rebateu o ministro.
Aprovação antes do recesso
O ministro falou ainda sobre a previsão de aprovação da proposta na Câmara. Segundo ele, a expectativa é de que, antes do recesso parlamentar, em julho, o Brasil tenha "uma nova estrutura fiscal e, principalmente, com uma nova Previdência". Indagado sobre o número de votos necessários para o texto passar pela Casa — três quintos dos deputados (308 dos 513) —, Onyx se mostrou otimista e comparou o cenário enfrentado no Congresso ao futebol:
— Quando começou o Campeonato Brasileiro do ano passado, ninguém apostava uma moeda de R$ 3 no Palmeiras ser campeão brasileiro. E quem foi o campeão brasileiro? O Palmeiras. Por isso que eu digo, que nós, baseados no diálogo, na paciência, no convencimento e no trabalho que vem sendo desenvolvido, nós vamos chegar lá — explicou.