O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu nesta terça-feira (19) um de seus mais ardorosos admiradores: o presidente Jair Bolsonaro, o "Trump dos Trópicos", com quem espera inaugurar uma nova aliança hemisférica. O brasileiro foi recebido por Trump às 13h09min, na Casa Branca.
A reunião entre os dois estava prevista para começar ao meio-dia no horário local (13h de Brasília), no Salão Oval. Em seguida, Trump e Bolsonaro participam de um almoço de trabalho e uma entrevista coletiva conjunta nos jardins da Casa Branca.
Ao lado de Bolsonaro, Trump destacou o bom momento que as relações Estados Unidos-Brasil estão passando.
— O Brasil e os Estados Unidos nunca estiveram mais próximos do que estamos agora — declarou Trump a Bolsonaro no Salão Oval.
No salão Oval, os presidentes trocaram camisas de futebol das seleções dos dois países.
Trump também disse que apoia a inclusão do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A entrada neste grupo é o principal trunfo que o governo Bolsonaro espera obter na viagem. Ser membro da organização funciona como uma espécie de selo de qualidade de políticas macroeconômicas, e estimularia investimentos no país.
Crise venezuelana
Donald Trump reafirmou que avalia "todas as opções" para forçar a saída do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cujo mandato é desconhecido como resultado de eleições fraudulentas.
— Eu sei exatamente o que quero da Venezuela, temos opções diferentes sobre a Venezuela, todas as opções estão sobre a mesa. Nós temos que discutir (o apoio a uma intervenção militar). É uma pena o que está acontecendo na Venezuela — disse Trump ao saudar o presidente brasileiro.
A crise do país também estará no centro da agenda quando Bolsonaro se reunir, nesta terça, com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.
Viagem celebrada por Bolsonaro
"É o começo de uma associação centrada na liberdade e na prosperidade", tuitou Bolsonaro, ao começar a viagem aos Estados Unidos no domingo.
Para os Estados Unidos, o encontro é uma oportunidade histórica de firmar o vínculo com o Brasil, disse o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton.
— Esta é uma oportunidade potencialmente histórica para redirecionar as relações entre nossos dois países, as duas maiores democracias do hemisfério ocidental. Embora tenhamos tentado estar perto do Brasil ao longo dos anos, foi difícil em administrações anteriores — disse aos repórteres o assessor de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, antes do encontro.
A Casa Branca antecipou um relançamento das relações bilaterais desde a eleição de Bolsonaro em outubro passado. E, para isso, aposta na relação pessoal entre ambos.
— Os dois vão se dar muito bem — garantiu Bolton, que visitou o Brasil para se reunir com Bolsonaro em novembro.
Trump não hesitou em confirmar seu apoio minutos após a posse de Bolsonaro em 1º de janeiro: "Os Estados Unidos estão contigo!", tuitou.
— Realmente haverá um eixo Norte-Sul das duas maiores economias do hemisfério ocidental — disse à imprensa um funcionário de alto escalão do governo Trump. Para ele, a vitória de Bolsonaro "rompeu muitos tabus" sobre a influência dos Estados Unidos na região e na esquerda.
Bolsonaro disse que a conversa entre ambos se baseará, em grande medida, no processo de ajuda mútua.
— Eu sempre o admirei. Não vou negar isso. Fui muito criticado por causa disso, mas obviamente não negarei o que penso. Não sou um camaleão. Temos muito em comum — disse Bolsonaro na segunda-feira à noite à rede Fox News.
— Estou disposto a abrir meu coração para ele e fazer o que for em benefício tantos dos brasileiros como dos americanos — afirmou.
O Brasil deseja ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um clube de ricas democracias. E Washington fará todo o possível para ajudar, disse esse funcionário do governo americano, que pediu para não ser identificado.
Segundo a imprensa local, os Estados Unidos também poderão conceder ao Brasil o status de "aliado preferencial fora da Otan". Isso abriria as portas para tecnologia, cooperação e recursos de defesa.