
O presidente Jair Bolsonaro admitiu pela primeira vez ter vetado o nome da especialista em segurança pública Ilona Szabó de Carvalho para ser membro suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Em café com jornalistas nesta quarta-feira (13), o presidente disse que pediu ao ministro Sergio Moro para revogar a nomeação. O recuo de Moro foi anunciado no dia 28 de fevereiro após repercussão negativa entre bolsonaristas.
— Dei carta branca para os ministros, mas tenho poder de veto, isso foi acertado — disse Bolsonaro. Segundo ele, Ilona "não somaria nada" ao governo.
O presidente disse que Moro tentou convencê-lo da necessidade de ter um outro lado, alguém que discordasse de suas posições. No entanto, o presidente justificou que Illona concorda apenas com quem tem a opinião dela.
A declaração de Bolsonaro diverge do discurso do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB). Na ocasião do episódio sobre a especialista, ele disse que o Brasil "perdeu" com o recuo.
— Eu acho que perde o Brasil. Perde o Brasil todas as vezes que você não pode sentar numa mesa com gente que diverge de você. O Brasil perde. Não é a figura A, B ou C. Perde o conjunto do nosso país e nós temos que mudar isso aí — disse o vice-presidente, também presente no café com jornalistas desta quarta-feira no Palácio do Planalto.
A escolha de Szabó para compor o órgão — um cargo voluntário e sem funções executivas no governo — foi acompanhada de uma campanha crítica de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais. Após a ordem de Bolsonaro, Moro teve de voltar atrás e até pedir desculpas a Szabó.
Nas redes sociais, militantes passaram a atacar Moro ao apontar que as posições de Szabó são divergentes em relação às do governo em temas como armamento e política de drogas. A especialista é contrária ao afrouxamento das regras de acesso a armas. Também já questionou em artigo pontos do pacote anticrime de Moro, ao considerar preocupantes, entre outras coisas, as medidas que tendem a ampliar o direito à legítima defesa.