Horas antes de recuar na nomeação da cientista política Ilona Szabó, diretora do Instituto Igarapé, para uma vaga no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, havia defendido a escolha em entrevista à Rádio Gaúcha, na quinta-feira (28).
— Essa foi uma indicação pelo conselho, são 26 pessoas nesse conselho. É um conselho consultivo, e a minha avaliação é que precisam ter vozes plurais dentro desse conselho. Ela é uma pessoa conhecida no meio da segurança pública — afirmou, ao Gaúcha Atualidade.
O conselho é ligado ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e, entre suas atribuições, estão avaliações do sistema penitenciário, proposição de diretrizes da política criminal e inspeções e fiscalizações de estabelecimentos penais. A participação é voluntária e o mandato é de dois anos.
Ouça o trecho da entrevista:
Para o ministro, havia um "exagero dentro das redes sociais" em relação à nomeação de Ilona, que foi alvo de ataques de grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro nas últimas semanas por ela ser contra a flexibilização da posse de armas — uma das principais bandeiras de campanha do presidente — e por sua atuação no Instituto Igarapé, que elabora propostas de políticas públicas para a redução da violência.
— O Instituto Igarapé tem boas propostas, o que não significa que é uma concordância absoluta do ministério em relação a todas as proposições do instituto. Então, ela foi nomeada por um conselho consultivo. Acho que há um exagero dentro das redes sociais em relação a esse tema, mas estamos avaliando a questão — disse Moro.
Na tarde da quinta-feira, horas depois da entrevista, Moro informou a desistência da indicação de Ilona e disse que pediu desculpas a ela pela decisão:
"Diante da repercussão negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o Ministério respeitosamente apresenta escusas", diz o texto distribuído pela assessoria de imprensa do ministério.