O presidente Jair Bolsonaro discursou, no início da noite desta segunda-feira (18), na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, na capital norte-americana Washington. Em 10 minutos, Bolsonaro elogiou Donald Trump e a capacidade bélica dos EUA, falou da crise da Venezuela, criticou o governo do PT e se posicionou contra o "politicamente correto".
— Temos alguns assuntos que estamos trabalhando em conjunto, reconhecendo, obviamente, a capacidade econômica, bélica, entre outras, dos Estados Unidos. Temos que resolver a questão da nossa Venezuela — disparou o presidente.
— Aquele povo tem que ser libertado e acreditamos e contamos, obviamente, com o apoio norte-americano para que esse objetivo seja alcançado — acrescentou Bolsonaro.
Bolsonaro disse ainda que, assim como Trump, sofreu com as fake news e com ataque de "boa parte da imprensa". O presidente afirmou que a "grande transformação no Brasil vem pelas mãos de Deus", citando como um milagre o fato de ter sobrevivido a um atentado.
O chefe do Executivo brasileiro, sem se aprofundar no tema, voltou a bater na tecla de que seu governo não é "a velha política":
— O povo cansou-se da velha política. Cansou-se daquela política do toma lá dá cá, das negociações e do péssimo exemplo dos governos do PT, materializados nas pessoas de Lula e Dilma Rousseff.
Amigo dos Estados Unidos
No entendimento de Bolsonaro, os governos anteriores eram inimigos dos Estados Unidos, ao contrário do seu:
— Hoje os senhores têm um presidente amigo dos Estados Unidos que admira esse país maravilhoso, e quer, sim, aprofundar, não apenas laços de amizade, bem como as mais variadas negociações. O Brasil tem um potencial enorme, precisamos de bons parceiros. Temos, no mundo todo, alguns bons parceiros, mas acredito que, de forma especial, estou aqui estendendo as minhas mãos, e tenho certeza que Trump fará o mesmo amanhã, para que essa parceria se faça cada vez mais presente em nosso meio — afirmou o presidente para uma plateia formada basicamente por empresários e investidores norte-americanos.
Logo no início do discurso, Bolsonaro comemorou o fato de o Ibovespa atingir, nesta segunda-feira, pela primeira vez na história a marca dos 100 mil pontos.
"Valores cristãos"
A fala do presidente ocorreu após os dois países assinarem acordo que permitirá o uso da base de Alcântara, no Maranhão, pelos Estados Unidos, para lançamento de foguetes.
— O Brasil tem muito a oferecer e eu gostaria muito de fazer parcerias, muito mais do que o assinado há pouco - sobre o Centro de Lançamento de Alcântara -, nas mais variadas áreas: mineralogia, agricultura, biodiversidade, temos uma imensidão a ser descoberta em nossa Amazônia. Gostaríamos, e muito, de ter a parceria desse Estado o qual eu admiro muito — acrescentou.
Ao final de seu discurso, Bolsonaro falou em unidade entre Estados Unidos e Brasil e citou valores cristãos compartilhados entre os países.
— Juntos, podemos fazer muito e essa essa união, até pela proximidade, Brasil e Estados Unidos, alavancaremos mais ainda não só a nossa economia, bem como os valores que, nos últimos anos, foram deixados para trás. Acreditamos na família, acreditamos em Deus, somos contra o "politicamente correto", não queremos a "ideologia de gênero", queremos um mundo de paz e liberdade — afirmou.
"Nós acreditamos no Brasil"
A visita a Washington é a primeira viagem para um encontro bilateral de Bolsonaro, mas não rendeu — até agora — resultados concretos em termos de acordos comerciais, por exemplo. O presidente brasileiro ainda comentou, em tom de chacota, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é o amor da sua vida.
— Na questão da economia, obviamente. Mas não sou homofóbico.
— Apesar da minha inexperiência no Executivo, estou muito bem assessorado por 22 ministros. Nós acreditamos no Brasil, mas só podemos fazer mais com bons amigos — finalizou o presidente, que foi aplaudido de pé.