Foi do ministro da Economia, Paulo Guedes, o discurso mais consistente no Brazil Day, na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, no segundo dia da visita do presidente Jair Bolsonaro. Cria da Universidade de Chicago, Guedes estava mais à vontade do que qualquer outro integrante do governo. Falando em inglês, primou pela objetividade e cumpriu à risca seu plano de “vender o Brasil” como parceiro comercial, sem cair na onda da subserviência.
Guedes falou da admiração pelos Estados Unidos, citando produtos americanos que adora (Disney, Coca-Cola e jeans), mas foi pragmático como deve ser o comandante da área econômica. Destacou que Bolsonaro ama os Estados Unidos, mas no baile das relações comerciais, o Brasil também dança com a China, hoje nosso maior parceiro.
O recado é inequívoco: o governo quer estreitar os laços com os americanos, está aberto a receber investimentos, mas não deixará de negociar com outros países.
Para convencer os investidores de que o Brasil fará as reformas exigidas para conseguir o ajuste fiscal, mencionou o projeto da nova Previdência e os esforços para equilibrar as contas.
O tempo de duração do pronunciamento confirma que foi ele quem deu o tom: Guedes falou mais do que Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo juntos.
O ministro das Relações Exteriores fez uma breve introdução para apresentar Bolsonaro, citou o lema de campanha “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e explicou o conteúdo religioso:
– A vida não se esgota nas leis da física.
De improviso, Bolsonaro também começou falando de Deus, a quem atribuiu dois milagres: o de ter sobrevivido à facada desferida durante a campanha e ter vencido a eleição.
O presidente reafirmou sua admiração pelos Estados Unidos, disse que o Brasil teve governos “anti-americanos” nos últimos anos, mas agora é governado por um amigo que deseja estabelecer relações comerciais sólidas.
Em uma prévia do que deverá pautar o encontro com o presidente Donald Trump, disse:
– Temos de resolver a questão da nossa Venezuela. Aquele povo precisa ser libertado e os Estados Unidos podem fazer muito.
Aliás
Em Washington, Bolsonaro se autodefiniu como um homem que acredita em Deus e na família, é contra o politicamente correto e não aceita a ideologia de gênero.