O PSL, partido do presidente eleito Jair Bolsonaro, estreará na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em 31 de janeiro com quatro deputados — entre eles os dois mais votados na eleição de outubro. Conheça abaixo Luciano Zucco, Ruy Irigaray, Aparecido Lourenço e Vilmar Lourenço.
O militar professor
Natural do município paranaense de Cambará, Aparecido Macedo radicou-se em Santo Ângelo, nas Missões. Conhecido como Capitão Macedo, integra a “cota” de militares da bancada bolsonarista: entrou para a reserva do Exército depois de 37 anos de serviço. Também foi professor de concursos civis e militares.
Aos 59 anos, elegeu-se com 17.592 votos, uma posição acima do último eleito à Assembleia. Com a miúda despesa de R$ 4.717, conta que concentrou a sua campanha nas redes sociais, especialmente WhatsApp. De acordo com Macedo, um “trabalho familiar”, com a ajuda da mulher e do filho e sem qualquer empurrão profissional. Com mais de 29 mil seguidores, sua página do Facebook tem uma foto de Jair Bolsonaro (PSL) com chapéu de gaúcho na capa. O militar da reserva admite que costuma chegar na Capital “com as mãos suando”:
– Tenho medo de Porto Alegre, o negócio da segurança.
Macedo esteve na Assembleia pela primeira vez em 31 de outubro, três dias depois de eleito. Conta que achou o plenário “muito bonito” e “até fez uma foto”. Decidiu não se apresentar como futuro deputado:
– Imagina, nunca fui nem vereador. É uma volta de 180 graus.
O armamentista
Empresário de agronegócio e transportes, Ruy Irigaray tornou-se popular – e polêmico – nas redes sociais ao lançar o grupo Armas S.A., em 2014. Desde então, é um dos principais articuladores gaúchos pela revogação do Estatuto do Desarmamento.
Foi da afinidade com as armas que surgiu a sua amizade com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos quatro filhos do presidente eleito. No início deste ano, apareceu como um dos mais efusivos manifestantes contrários a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a caravana do ex-presidente no Rio Grande do Sul, em São Miguel das Missões.
Irigaray clama-se como um dos primeiros apoiadores de Bolsonaro no Estado. De fato, suas mídias sociais estão recheadas de vídeos e fotos ao lado dele – assim como imagens de armamentos e munição e a pose com os dedos polegar e indicador simulando uma arma.
Atuou sobretudo no WhatsApp para alavancar sua candidatura com o auxílio de “marqueteiros informais”, apoiadores voluntários que o ajudaram a administrar a demanda. Segundo um deles, eram cerca de 300 grupos no aplicativo.
– Estaremos atuando contra qualquer tipo de movimento que cometa crimes como invasão de terras – avisa.
O advogado empresário
Formado em Direito pela Unisinos, Vilmar Lourenço é um empreendedor do ramo. Abriu, em 1995, um pequeno escritório em Sapucaia do Sul. Hoje, a banca de advogados está em 16 cidades da Região Metropolitana e do Interior.
Nasceu em Santa Cecília, município de 16,7 mil habitantes em Santa Catarina, mas radicou-se em Mafra, na divisa com o Paraná. De lá, herdou o sotaque carregado de erres. Mudou-se para Sapucaia do Sul na década de 1980, onde mora até hoje.
Foi filiado ao PT entre 1992 e 1997, período em que disputou a prefeitura do município da Região Metropolitana. Também foi candidato a prefeito e a vice pelo PTB. Nunca elegeu-se. Agora, na disputa de uma vaga na Assembleia, recebeu 17.828 votos.
Na bem-sucedida campanha, colou a sua imagem à do presidente eleito – sua página no Facebook chama-se “Vilmar Lourenço Bolsonaro”. Pelo discurso, o mais conservador dos quatro eleitos, clama pela implantação do “rigor militar” no país.
– A TV está servindo de universidade de sacanagem, venda de prostituição e tudo quanto é tipo de bandidagem em quatro, cinco horários nobres. Isso é ferramenta de algo putrefato que querem implantar no país – desabafa.
O tenente-coronel
Luciano Lorenzini Zucco, nome de batismo do tenente-coronel Zucco, foi uma das principais surpresas da eleição. Neófito na política, arrematou 166.747 votos, sendo o deputado estadual mais votado do Rio Grande do Sul. O tenente-coronel licenciou-se do Exército na metade do ano para concorrer. Atuou em missões no Exterior e, antes da campanha, estava no Comando Militar do Sul, na Capital.
Ex-chefe da divisão, o general Hamilton Mourão (PRTB), vice de Jair Bolsonaro (PSL), foi quem lhe “benzeu” para buscar uma cadeira no parlamento. Por lá, pretende liderar a bandeira da segurança pública e do prestígio aos policiais.
– Ficou muito claro nessa eleição: na política, fale o que você pensa. Me posicionei sem me preocupar se agradaria a todos. No momento em que falo que sou a favor do Escola Sem Partido, perdi milhares de votos. Mas me posicionei – diz Zucco.
Durante a campanha, foi alvo de uma notícia falsa que repercutiu em todo o país. Caminhões flagrados com sua propaganda viralizaram nas redes sociais como se pertencessem ao Exército. Na realidade, os veículos foram vendidos pelos militares a uma empresa de turismo, que manteve a identidade visual anterior.