O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação, no começo de outubro, para apurar se o economista Paulo Guedes, guru de Jair Bolsonaro (PSL), se associou a executivos ligados ao PT e ao MDB para fraudar negócios com fundos de pensão de estatais. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (10).
Conforme os documentos obtidos pela reportagem, a BR Educacional Gestora de Ativos, de Guedes, lançou em 2009 dois fundos de investimento que receberam, em seis anos, R$ 1 bilhão das entidades de previdência de estatais.
Um deles, o Fundo de Investimento em Participações (FIP) BR Educacional, obteve R$ 400 milhões entre 2009 e 2013 para projetos educacionais. A suspeita é que o negócio tenha sido aprovado sem análise adequada e gerado ganhos excessivos ao economista.
O escolhido para assumir o Ministério da Fazenda em um eventual governo Bolsonaro é investigado por supostos crimes de gestão fraudulenta ou temerária, emissão e negociação de títulos sem lastros ou garantias ao negociar, obter e investir recursos de sete fundos.
Entre as entidades estão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios), além do BNDESPar — braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
As transações teriam sido feitas a partir de 2009 com executivos indicados pelos dois partidos adversários da chapa Bolsonaro, os quais são investigados atualmente por desvio de recursos dos fundos.
A apuração foi instaurada pela força-tarefa da Operação Greenfield, que mira esquemas de pagamento de propina em fundos de pensão, com base em relatórios da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).
Na portaria que instaura a investigação, a Procuradoria requer à Polícia Federal que abra inquérito sobre o caso. Pede ainda apurações na Controladoria-Geral da União (CGU), no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O MPF fixou prazo de 10 dias para que os fundos de pensão apresentem cópias dos documentos que embasaram o investimento do FIP BR Educacional. Além disso, o órgão determinou que eles apurem responsabilidades de gestores que deram causa aos aportes e a eventuais prejuízos.
Procurado, Guedes não respondeu à reportagem da Folha.