Conhecido pelo perfil conciliador, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, disse nesta quinta-feira (27) que irá oferecer almoços mensais entre os colegas de Corte para tentar diminuir os embates que têm sido travados publicamente. Nesta semana, ao criticar a atuação do STF no combate à corrupção, o ministro Luis Roberto Barroso afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que "tem gabinetes distribuindo senha para soltar corrupto, sem qualquer forma de direito e numa espécie de ação entre amigos". Logo depois, publicou nota dizendo que utilizou termos "excessivamente ácidos" e que aquela não era sua "visão geral" sobre a Corte.
Nos bastidores, a mensagem de Barroso foi interpretada como um recado a Gilmar Mendes, com quem se envolve em discussões frequentes nas sessões do plenário. O presidente do STF ponderou que as divergências de opiniões são naturais, mas que é necessário evitar o "estresse".
— O embate não depõe contra a Corte, faz parte da pluralidade. O que temos que evitar é que nestes embates você recaia para uma questão mais pessoal — afirmou.
Em entrevista a profissionais de rádio, em seu gabinete, o ministro revelou que irá promover almoços mensais, possivelmente às quartas, antes das sessões do pleno. A ideia é reunir os 11 integrantes da Corte, em um clima amistoso, a exemplo do que fez na última semana, convidando todos os ex-ministros do STF para uma confraternização.
— Resgatar momentos humanos é fundamental para melhorar a qualidade de vida e cumprirmos nossa função de maneira mais tranquila — completou.
A maioria dos embates no STF tem envolvido Barroso e Gilmar na análise de crimes de colarinho branco. Um dos principais momentos de tensão ocorreu em 21 de março, quando a sessão do pleno teve de ser interrompida em meio a um bate-boca. Gilmar criticou Barroso por extrapolar suas prerrogativas e intervir em decisões que caberiam ao Congresso.
— "Ah, eu quero mudar isso, eu tenho vocação”. Mude para o Congresso, consiga voto — alfinetou.
Em seguida, Barroso reagiu:
— Você é uma pessoa horrível, uma mistura de mal com o atraso e pitadas de psicopatia.
A discussão ocorreu na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula, que ampliou a tensão e as divergências na Corte.