Um dos principais articuladores políticos do governo de Michel Temer, o ministro da Secretaria de Governo Carlos Marun (MDB-MS), é investigado pela Polícia Federal por envolvimento com suposta organização criminosa que fraudava registros sindicais no Ministério do Trabalho. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Os investigadores registraram em relatório que Júlio de Souza Bernardo, o Júlio Canelinha, chefe de gabinete do ministro do Trabalho preso nesta quinta (5), enviou uma mensagem no dia 23 de maio ao ex-coordenador de registros sindicais do Ministério do Trabalho, Renato Araújo Júnior. Na mensagem, ele pediu que um despacho no Diário Oficial da União fosse revertido para atender a um pleito de Marun. De acordo com o documento, a publicação contrariava interesses do ministro.
Mensagens interceptadas pela PF do ministro Helton Yomura com auxiliares mostram que a decisão publicada no Diário Oficial era para atender aos interesses do partido Solidariedade em Santa Catarina, mas a ação desagradou o ministro Carlos Marun.
De acordo com a Folha de S. Paulo, a Polícia Federal pediu autorização para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços de Marun, mas a Procuradoria-Geral da República entendeu que, por ora, não havia provas de que o emedebista integrava a organização criminosa.
Contraponto
A reportagem da Folha não localizou representantes de Renato Araújo Júnior e Júlio de Souza Bernardo, o Júlio Canelinha. O ministro Carlos Marun deve se manifestar ainda nesta quinta-feira.
A defesa de Yomura divulgou nota, assinada pelos advogados César Caputo Guimarães e André Hespanhol. Leia a íntegra:
"O ministro do Trabalho Helton Yomura adotou rigorosas providências institucionais para a garantia do interesse público, podendo se destacar: exoneração imediata de todos os servidores sob investigação, abertura de sindicância e processos administrativos para averiguação dos fatos e suspensão de todos os atos que pudessem provocar repercussões no âmbito da investigação.
Quanto à suspensão de suas funções no Ministério do Trabalho, todas as medidas jurídicas serão tomadas para possibilitar à turma do STF se manifestar sobre tal importante tema. Neste sentido, foi em razão do entendimento do próprio ministro Edson Fachin que foram encaminhados para o plenário do Supremo casos de grande repercussão.
Tendo a certeza de não ter cometido nenhum ato ilícito e que suas ações correspondem a uma política de valorização dos trabalhadores e das instituições, o ministro Helton Yomura, mesmo não sabendo de que atos está sendo acusado, nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade."