A atitude do Facebook de retirar do ar 196 páginas e 87 perfis da rede social relacionadas a notícias falsas por violar o código de autenticidade da rede repercutiu no Congresso. O coordenador da Frente Parlamentar Mista Brasil 200, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), propôs a criação de uma "CPI do Facebook". Em vídeo divulgado na internet, disse que a retirada do ar das páginas ligadas ao MBL e do Brasil 200 era "inaceitável".
— Não posso admitir, em nome da democracia, que uma empresa selecione aquilo que queira permitir ser comunicado à sociedade. Isso é inaceitável. Estamos estudando a possibilidade de buscarmos assinaturas para a criação de uma CPI do Facebook — afirmou o deputado em vídeo. — argumentou.
Também foram alvos da ação do Facebook outras páginas como a do próprio Movimento Brasil 200, que é ligado ao ex-pré-candidato à Presidência Flávio Rocha (PRB).
De acordo com a rede social, as contas faziam parte de uma rede coordenada que usava contas falsas para disseminação de conteúdos sem deixar claro a origem da informação.
Goergen disse que vai agendar uma reunião com os deputados da Frente Parlamentar Brasil 200 na próxima semana para avaliar a situação.
— Não tivemos nenhum aviso prévio e quero entender a situação para não fazer algo precipitado —, disse.
Flávio Rocha, que desistiu no mês de julho da sua candidatura à Presidência da República, usou justamente sua página no Facebook para criticar a situação.
— Conclamo a bancada do Brasil 200 no Congresso Nacional a tomar posição sobre essa arbitrariedade. Nem no tempo da ditadura se verificava tamanho absurdo — escreveu Rocha. O líder do PRB na Câmara, deputado Celso Russomanno (SP) disse à reportagem do Estado de S. Paulo que iria conversar com o partido para definir quais providências devem ser tomadas.
Entenda o caso
Em ação coordenada para frear o compartilhamento de notícias falsas (fake news) na internet, o Facebook tirou do ar nesta quarta-feira (25) 196 páginas e 87 contas pessoais. Conforme a empresa, os perfis foram apagados por violarem o código de autenticidade da rede, ao esconder "a natureza e origem de seu conteúdo" com a intenção de gerar "divisão e espalhar desinformação". A limpeza massiva atingiu contas vinculadas ao Movimento Brasil Livre (MBL) e ao Movimento Brasil 200, organizado por Flávio Rocha (PRB) que, na semana passada, desistiu da candidatura à Presidência.
"Não queremos este tipo de comportamento no Facebook e estamos investindo fortemente em pessoas e tecnologia para remover conteúdo ruim de nossos serviços", justificou a empresa em nota oficial.
A medida gerou reação imediata do MBL. Os líderes da organização chamaram de "absurda" a acusação de que se tratava de contas falsas, afirmando que muitas continham dados biográficos, endereço e até telefone pessoal dos autores. Dois exemplos citados foram os perfis de Renan Santos e Renato Batista, coordenadores nacionais do MBL.