Em uma investigação sobre suposta atuação do coronel aposentado João Baptista Lima Filho como um intermediário de propina do amigo e presidente da República Michel Temer, a Polícia Federal encontrou planilhas e extratos bancários que apontam cerca de R$ 20,6 milhões em contas de empresas do coronel, além de R$ 3,04 milhões em contas pessoais. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O dinheiro está, de acordo com os documentos, em contas correntes e investimentos em nome de Lima, da PDA Projeto e Direção Arquitetônica LTDA e da PDA Administração e Participação LTDA. Não há nenhuma menção nos papéis sobre a Argeplan, empresa mais conhecida de Lima, dona de diversos contratos milionários com o setor público. Em maio, a Polícia Federal identificou que Almir Martins, contador das campanhas eleitorais de Temer entre 1994 e 2006, trabalha na Argeplan.
O próximo passo da PF, de acordo com o jornal, é investigar qual é a origem do dinheiro e se seria possível esse valor ter sido arrecadado por meio de serviços lícitos. Os documentos integram o inquérito que apura se houve pagamento de propina em um decreto do setor portuário, editado pelo governo Temer em maio de 2017.
O coronel Lima já foi alvo duas vezes de operações da PF. A primeira, em maio do ano passado, decorreu de delação da JBS, quando a polícia também encontrou documentos ligados a uma reforma na casa de Maristela, uma das filhas de Temer. A principal linha de apuração é de que o presidente lavou dinheiro de propina em transações imobiliárias e em obras em casas de familiares. O presidente nega as suspeitas.
Sobre os valores encontrados pela PF, a defesa do coronel Lima diz que as questões envolvem "sigilo contábil e fiscal da empresa" e não podem ser respondidas "sob pena de infração ética profissional". A defesa ainda afirmou que o coronel "reafirma inexistir a prática ou participação em conduta ilícita e cometimento de qualquer irregularidade".