A Polícia Federal (PF) identificou, possivelmente, a primeira prova documentada que liga o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Michel Temer, à Rodrimar, empresa que é o foco da principal investigação em andamento sobre o presidente. As informações são da Folha de S.Paulo.
O inquérito busca esclarecer se Temer recebeu, por meio do militar aposentado, propina da Rodrimar em troca da edição de um decreto que teria beneficiado a empresas do porto de Santos, tradicional área de influência política do emedebista.
A suspeita da PF é de que Almir Martins, administrador da empresa Eliland, braço de uma offshore sediada no Uruguai, seja um laranja do coronel. Martins foi contador das campanhas eleitorais de Temer entre 1994 e 2006 e trabalha até hoje em uma das empresas do coronel Lima, a Argeplan.
Em depoimento à PF, o contador disse que foi colocado na filial brasileira da offshore para administrar dinheiro de um único contrato — com a Rodrimar —, mas não apontou os serviços prestados. Martins afirmou que a filial teve as atividades encerradas, mas o CNPJ continua ativo.
Ainda segundo a Folha, não há informações de como a PF descobriu a Eliland, mas sua existência foi explorada durante um depoimento colhido no dia 17 de maio de 2018, em Brasília.
O coronel Lima, que chegou a ser preso em março, é apontado como um intermediário do presidente e possível receptador de propinas em nome do emedebista. Quando a abertura do inquérito foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2017, a polícia suspeitava que havia um elo entre Rodrimar e Temer, mas não tinha elementos comprobatórios.
As suspeitas tiveram como base documentos apreendidos na Operação Patmos e interceptações telefônicas de Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor de Temer. Temer tem negado as suspeitas.
No início deste mês, o ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou a prorrogação das investigações por mais 60 dias.
A Folha procurou as defesas da Rodrimar, de Temer e do coronel Lima e disse que não recebeu retorno.