A Procuradoria da República no Distrito Federal afirmou, em aditamento de denúncia contra os supostos integrantes do "Quadrilhão do PMDB" na Câmara, que o coronel João Baptista Lima Filho e o ex-assessor do Planalto José Yunes eram arrecadadores do "líder da organização criminosa", que seria o presidente Michel Temer.
A Justiça Federal em Brasília aceitou, na segunda-feira (9), denúncia contra o coronel e José Yunes, ambos amigos próximos ao presidente da República. Com isso, os dois passam a ser réus no processo que investiga supostas irregularidades de integrantes do PMDB dentro de órgãos públicos em troca de vantagens indevidas.
A denúncia foi oferecida pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e acabou enterrada para Temer e os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha após votação na Câmara. Eles voltarão a responder pela acusação após o fim do mandato.
A Procuradoria destaca o papel de Yunes no suposto recebimento de R$ 1 milhão do doleiro Lucio Funaro, em seu escritório de advocacia, para a campanha peemedebista de 2014. Ele admitiu, em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o recebimento do valor e disse ter sido "mula" de Padilha. O dinheiro teria como origem o departamento de propinas da Odebrecht, segundo afirmam delatores.
Para a procuradoria, "todos os elementos apontam, assim, para uma atuação de José Yunes no recebimento de propina, de forma dissimulada, como doações ao partido, ou mesmo via caixa 2, para posterior distribuição aos demais membros da organização criminosa".
"Destaque-se sua estreita relação com o líder da organização criminosa, Michel Temer, como mencionado na denúncia (...) Registre-se ainda que, apesar de exonerado desde 2016, (Yunes) mantém contato direto com Michel Temer, com reuniões sem registro em agenda oficial", afirmam os procuradores.
Já ao coronel Lima, a procuradoria atribui o recebimento de R$ 1 milhão da JBS em suposto benefício do presidente. "Seu papel na organização criminosa era o de auxiliar os demais integrantes do núcleo político na arrecadação de propina, em especial seu líder, Michel Temer."
Defesa
O presidente se manifestou por meio de sua assessoria de imprensa:
"Todas as atribuições do coronel João Batista Lima Sobrinho em campanhas do presidente Michel Temer sempre foram pautadas pela legalidade, lisura e correção. Michel Temer foi presidente de partido político, obediente as leis e regras da legislação brasileira."