A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de transferir para a Justiça Federal de São Paulo os trechos da delação de ex-executivos da construtora Odebrecht que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode mudar a velocidade de tramitação dos processos. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, diferentemente do que ocorre nas forças-tarefa da Lava-Jato no Paraná e no Rio de Janeiro, em São Paulo a operação é mais descentralizada e alterna entre avanços e recuos.
Entre eles está o fato de que a força-tarefa de procuradores foi reforçada somente em fevereiro deste ano, quando passou de três para 11 membros. Além disso, os processos da Lava-Jato em São Paulo estão distribuídos em ao menos 10 varas da Justiça Federal, e as ações não contam com um único juiz responsável, como é o caso de Sergio Moro em Curitiba. Soma-se a isso o fato de que o sistema não é digitalizado, como na Justiça Federal dos Estados do Sul, e por isso os servidores tem que movimentar os processos manualmente entre os órgãos.
Enquanto as investigações do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e sobre o marqueteiro João Santana estão na 2ª Vara, o processo do engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, foi parar na 5ª Vara, por exemplo. E foi contra ele, apontado como operador do PSDB, a única denúncia apresentada até agora pela força-tarefa.
Ainda de acordo com o jornal, outra dificuldade da Justiça Federal em São Paulo é o fato de que os procuradores acumulam seus demais processos com os casos da Lava-Jato, ou seja, não há exclusividade como ocorre em Curitiba, onde a maioria atua apenas na operação.