Entre os trechos da delação da Odebrecht contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que serão retirados do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, estão os que citam supostas irregularidades na reforma de um sítio que seria do petista.
Segundo a acusação do Ministério Público Federal (MPF), a Odebrecht, a OAS e a empreiteira Schahin bancaram obras de melhorias no imóvel, localizado em Atibaia (SP), em troca de contratos com a Petrobras. A denúncia inclui ao todo 13 acusados, entre eles executivos da empreiteira, aliados do ex-presidente e até seu compadre, o advogado Roberto Teixeira.
O que pesa contra Lula no caso
Dinheiro em troca de favores ilícitos
Moro aceitou, em 1º de agosto de 2017, a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente por corrupção e lavagem de dinheiro nas obras do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, interior de São Paulo.
Segundo a acusação contra Lula, a Odebrecht, a OAS e a empreiteira Schahin gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobras. A denúncia inclui ao todo 13 acusados, entre eles executivos da empreiteira, aliados do ex-presidente e até seu compadre, o advogado Roberto Teixeira.
O ex-presidente seria, de acordo com a denúncia, o beneficiário das reformas havidas no sítio de Atibaia e o responsável pelo esquema de corrupção instaurado na Petrobras. Também se tonaram réus outros 12 investigados, entre eles o empresário Emílio Odebrecht, patriarca da empreiteira, e o advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira (leia mais abaixo).
Fotos
Em maio de 2017, foi divulgada uma foto entregue por Léo Pinheiro à Polícia Federal (PF) na qual Lula aparece ao lado do então presidente da empreiteira OAS. O registro foi anexado às investigações da Lava-Jato.
A imagem mostra um encontro entre os dois que teria ocorrido no sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. A imagem foi protocolada como prova da relação de Lula com o empreiteiro, acusado de pagar propina para se beneficiar de obras na Petrobras.
O ex-presidente da empreiteira também apresentou à Justiça uma troca de mensagens com Paulo Gordilho com comentários sobre obras de infraestrutura no lago do sítio:
"Léo, amanhã vou pra o nosso tema esvaziar o lago para impermeabilizar. Eles, eu soube que vão estar lá para acompanhar a despesca. Mas não tenho certeza. Se desejar podemos combinar (sic)".
Compra intermediada por amigo de Lula
A compra do sítio usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Atibaia (SP), foi formalizada no escritório do advogado e empresário Roberto Teixeira, compadre do petista, no bairro dos Jardins, em São Paulo.
O imóvel custou R$ 1,5 milhão, em outubro de 2010, dos quais R$ 100 mil (R$ 143 mil em valores atuais) foram pagos em dinheiro em espécie. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Quem é quem no processo
1 - Luiz Inácio Lula da Silva
O ex-presidente da República seria, de acordo com a denúncia, o beneficiário das reformas havidas no sítio de Atibaia e o responsável pelo esquema de corrupção instaurado na Petrobras.
2- Marcelo Bahia Odebrecht
O presidente do Grupo Odebrecht é apontado como o responsável pela decisão de pagamento de vantagem indevida na forma de uma conta geral de propinas a agentes do PT, inclusive ao ex-presidente Lula.
3 - Emílio Alves Odebrecht
Presidente do Conselho de Administração do Grupo Odebrecht, manteria relacionamento pessoal com Lula e teria participado diretamente da decisão dos pagamentos das reformas do sítio de Atibaia, com ocultação de que o custeio seria da Odebrecht.
4 - Alexandrino de Salles Ramos de Alencar
Executivo do Grupo Odebrecht, seria o principal interlocutor de Lula com a companhia e teria participado diretamente da decisão dos pagamentos das reformas do sítio de Atibaia, com ocultação de que o custeio seria do conglomerado baiano.
5 - Carlos Armando Guedes Paschoal
Diretor da construtora Norberto Odebrecht em São Paulo, estaria envolvido na reforma do sítio de Atibaia e tentou ocultar que o beneficiário seria Lula e de que o custeio era da Odebrecht.
6 - Emyr Diniz Costa Júnior
Diretor de contratos da construtora Norberto Odebrecht, supervisionou a obra de reforma do sítio de Atibaia com ocultação do real beneficiário e de que o custeio seria proveniente da Odebrecht.
7 - José Adelmário Pinheiro Filho
Conhecido como Léo Pinheiro, é presidente do Grupo OAS e seria o responsável pela decisão de pagamento de vantagem indevida a Lula, na forma de custeio de reformas no sítio.
8 - Agenor Franklin Magalhães Medeiros
Executivo do Grupo OAS, teria participado dos acertos de corrupção nos contratos da Petrobras, tendo ciência de que parte da propina era direcionada a agentes políticos do PT.
9 - Paulo Roberto Valente Gordilho
Diretor técnico da OAS, encarregou-se da reforma do sítio, segundo o MPF, com ocultação do real beneficiário e da origem do custeio.
10 - José Carlos Costa Marques Bumlai
Amigo próximo de Lula, teria participado de crime de corrupção no âmbito da Petrobras, pelo qual já foi condenado. Teria sido o responsável pela realização de reformas em Atibaia de cerca de R$ 150 mil, ciente de que o ex-presidente seria o real beneficiário. Para ocultar a sua participação e o benefício ao então presidente, os fornecedores contratados foram pagos por terceiros. Também foram utilizados terceiros para figurar nas notas fiscais.
11 - Fernando Bittar
Um dos proprietários formais do sítio de Atibaia, participou das reformas, ocultando que o real beneficiário seria o ex-presidente Lula e que o custeio provinha de José Carlos Bumlai, do Grupo Odebrecht e do Grupo OAS.
12 - Roberto Teixeira
Advogado e amigo de Lula, teria participado da reforma do sítio, ocultado documentos que demonstravam a ligação da Odebrecht com a reforma e orientado engenheiro da empreiteira a celebrar contrato fraudulento com Fernando Bittar para ocultar o envolvimento do grupo no custeio e que o ex-presidente era o beneficiário.
13 - Rogério Aurélio Pimentel
Auxiliar de confiança de Lula, teria participado das reformas do sítio em Atibaia e da ocultação de custeio por Bumlai e pelo Grupo Odebrecht das reformas, assim como do real beneficiário.