No início da década de 1980, o então líder de uma greve em massa dos metalúrgicos Luiz Inácio Lula da Silva foi detido durante 31 dias por "atentar contra a ordem nacional", em plena ditadura militar (1964-85). Em 2018, o ex-sindicalista volta a estar próximo da prisão com a decisão do Supremo Tribunal Federal de negar habeas corpus, na madrugada desta quinta-feira (5), no caso triplex. O ex-presidente foi condenado em janeiro a 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Em 1980, Lula foi detido em 19 de abril, às 6h30min da manhã, em sua casa em São Bernardo do Campo, para ser levado à sede paulistana da Direção de Ordem Política e Social (Dops), local de tortura de centenas de pessoas durante a pior fase da ditadura. Em 2014, em seu testemunho na Comissão Nacional da Verdade, Lula afirmou que foi "tratado com dignidade" e lhe permitiram sair para visitar sua família e ir ao enterro da mãe. Lula também teve acesso a jornais e até a uma TV, para assistir a um jogo do Corinthians.
Durante a primeira semana de reclusão fez greve de fome em apoio a seus companheiros parados nas fábricas. A greve dos metalúrgicos acabou, mas Lula destaca que foi uma vitória:
– Do ponto de vista econômico perdemos tudo, mas do ponto de vista político ganhamos, nos fortalecemos. Se os militares soubessem o que ia acontecer depois da minha prisão certamente não teriam me prendido.
Após ser solto, em maio, Lula foi eleito presidente do recém-fundado Partido dos Trabalhadores (PT), com o qual chegou à Presidência da República em 2003.
Em 1981, chegou a ser condenado por um tribunal militar a três anos e meio de prisão por violar a então Lei de Segurança Pública com convocação de greves, mas depois acabou absolvido.