Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) julgava o pedido habeas corpus de Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, em Porto Alegre poucas pessoas participaram de um ato a favor do ex-presidente na Esquina Democrática nesta quarta-feira (4/4). Com a presença de alguns líderes políticos na manifestação – tratada como "vigília" pela organização –, os movimentos sociais e sindicais tentaram animar o público.
Mas, tão logo foi concluído o voto da ministra Rosa Weber, contra o hábeas – que deixou o placar em 4 a 1 a favor da possibilidade de prisão do ex-presidente –, o ato perdeu força. Algo que era esperado, segundo o deputado estadual Tarcisio Zimmermann (PT), político de maior expressão no protesto.
– As mobilizações têm sido constantes desde as eleições de 2014. Mantemos a resistência, e a luta não vai terminar. Tivemos grande jornada com a caravana (do ex-presidente Lula) pelo Sul. Hoje, não esperávamos um grande ato, já que muita gente está à frente da TV acompanhando a votação – explicou o parlamentar.
Não encerrado até às 21h desta quarta-feira, o julgamento estava com placar em 5 a 1 contra Lula (Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux negaram o habeas corpus e apenas Gilmar Mendes votou a favor).
Vice-presidente do PT no Rio Grande do Sul, Zimmermann também criticou as recentes declarações do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Na terça-feira (3/4), o militar escreveu no Twitter que o Exército compartilha “o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição” e questionou: “resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País, e da gerações futuras, e quem está preocupado com interesses pessoais?”.
– Tem muita gente falando mais do que devia, inclusive o Exército. Se tivessemos um governo legítimo, o general já não estaria mais no posto. Mas, de qualquer forma, ele apenas reproduziu algo comum ao STF, que também tem falado fora dos autos – disse o deputado petista.
Raul Carrion, ex-deputado estadual pelo PC do B, foi outro a disparar contra o Exército:
– Quem são os generais para falar em democracia? Eles que prenderam, massacraram e mataram? Se houvesse combate à impunidade, Michel Temer (PMDB), Aécio Neves (PSDB) e Eliseu Padilha (PMDB) estariam presos. Por isso o PC do B está aqui. Temos candidatura à presidência (com a deputada estadual Manuela D'Ávila), mas independentemente disso estamos aqui para dizer que Lula tem direito a concorrer na eleição e tem direito à liberdade.
Um dos apoiadores da manifestação foi o grupo de teatro Ói Nóis Aqui Traveiz. Integrante do coletivo, Paulo Flores lamentou a falta de força do ato e o "momento sombrio" que observa na situação política brasileira:
– Temos esse cunho de estar atentos ao que está acontecendo no STF, como se encaminha a Justiça no país. Temos o pé atrás. Tudo foi feito com a clara meta de tirar o governo eleito e, depois, seu principal líder, o Lula. Foi um golpe sem os tanques na rua. É um momento muito sombrio, de alcance do pensamento fascista. Se as pessoas não forem às ruas, nem eleições teremos.