O presidente da República, Michel Temer, não vai mais nomear o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) para assumir o Ministério do Trabalho. O Palácio do Planalto comunicou a desistência à cúpula do PTB, nesta terça-feira (2), por causa de uma interferência atribuída ao ex-senador José Sarney (PMDB-MA), amigo do presidente.
Temer avisou ao ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do partido, que Sarney vetou a nomeação de Fernandes, segundo integrantes da Executiva Nacional do PTB.
— O Palácio me avisou hoje que tinha subido no telhado a nomeação do Pedro Fernandes, me ligou pedindo que pensássemos um novo nome por causa do problema de relação do Fernandes com o Sarney — disse Jefferson. — O presidente Sarney não concorda com o nome. Ele queria conversar, mas Fernandes não quis conversar com o presidente Sarney sobre o Maranhão, então deu problema.
Sarney controla o PMDB no Maranhão e pediu para Temer não nomear Fernandes para não fortalecer politicamente um adversário histórico, o governador Flávio Dino (PC do B). O PTB é base do governo Dino – que, em 2014, desbancou o clã Sarney do Palácio dos Leões, após meio século de aliados do ex-presidente no poder.
Dino disputará a reeleição tendo como potencial adversária a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), filha do ex-presidente.
Posse
A posse de Fernandes ocorreria na quinta-feira (4). O parlamentar havia anunciado que, após cinco mandatos de deputado, não disputaria a reeleição para dar a vaga a seu filho Pedro Lucas Fernandes, que é secretário estadual no governo Dino. Pedro Lucas se elegeu vereador em São Luís (MA), mas assumiu a Agência Executiva Metropolitana, órgão do Estado, com o ingresso do PTB na base de Dino.
Temer pediu a indicação de um novo nome pelo PTB, o que ainda não ocorreu formalmente. O partido quer evitar outras indicações e desistências consideradas abruptas, por causa de composições eleitorais regionais.
— Vamos aguardar. Não temos pressa, para não parecer que o nome do Pedro Fernandes pode ser descartado assim. Vamos deixar decantar a crise por uns 10 dias, até que tenhamos nome de consenso, bem medido e remediado. O secretário executivo (Helton Yomura) pode ir muito bem tocando seu trabalho como ministro interino — disse Jefferson.
Em nota, a assessoria de imprensa de Sarney disse que ele "não foi consultado e não vetou o deputado Pedro Fernandes".
O ministro anterior, deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), foi exonerado a pedido, na última sexta-feira (29). Ele pediu demissão argumentando que iria preparar sua campanha à reeleição na Câmara, em meio a suspeita de irregularidades em contratos de informática do ministério, apontados pela Controladoria-Geral da União (CGU).