Em Porto Alegre para organizar a mobilização em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente nacional do PT, Alexandre Padilha, disse, nesta terça-feira (16), que Lula aguarda decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) para definir se virá à Capital na próxima semana. Caso a presença dele se confirme, o Partido dos Trabalhadores espera contar com o petista em caminhada e ato público previstos para o fim da tarde de terça-feira (23) — os detalhes ainda estão sendo definidos.
Em setembro passado, a defesa de Lula pediu à Corte para que o réu pudesse se manifestar durante o julgamento marcado para o dia 24 — quando será analisada a apelação contra a decisão do juiz federal Sergio Moro que condenou Lula em primeira instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com pena de nove anos e seis meses de prisão, no caso do triplex no Guarujá (SP). A petição da defesa foi reapresentada no dia três de janeiro.
— Lula deseja vir a Porto Alegre para ser ouvido pelos desembargadores. Estamos dependendo da resposta do TRF4 para definir a presença dele aqui — ressaltou Padilha.
Uma série de eventos a favor do ex-chefe de Estado devem movimentar a Capital entre segunda (22) e quarta-feira (24) (veja os detalhes abaixo). Conforme Padilha, existe a possibilidade — mesmo que a resposta da Corte seja negativa — de que Lula participe de pelo menos uma das atividades, na véspera da audiência.
— No dia 23, teremos um ato do Fórum Social Mundial na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e, depois disso, estamos prevendo um ato público e uma caminhada. O roteiro não está definido, e os advogados do ex-presidente ainda terão de avaliar a questão, mas, se Lula vier, trabalhamos com a presença dele, a priori, nessa ocasião — declarou Padilha.
O ex-ministro também disse que a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, responsáveis pela programação, esperam reunir caravanas do país inteiro na Capital. Quanto ao risco de que os ânimos se exaltem e os atos acabem em violência, Padilha disse estar "tranquilo":
— Estamos muito otimistas em relação à mobilização popular e aos questionamentos à sentença do juiz Sergio Moro. Se os desembargadores do TRF4 forem coerentes, vão permitir que Lula seja ouvido e vão absolvê-lo. A Força Brasil Popular e o PT já deram várias demonstrações de que fazem atos pacíficos. Quem está incitando o ódio não são pessoas da força nem do PT. Da nossa parte, estamos tranquilos.
Padilha voltou a dizer que, independentemente do resultado da apelação no TRF4, o PT anunciará a decisão de apoiar a candidatura de Lula à Presidência em reunião prevista para ocorrer em São Paulo, na manhã da próxima quinta-feira (25).
Por meio da assessoria de comunicação, o TRF4 informou que as petições da defesa de Lula estão em análise e que não há prazo para conclusão.
Programação
Confira os atos pró-Lula previstos para Porto Alegre na próxima semana, cuja programação ainda está sendo definida e pode sofrer alterações:
22 de janeiro (segunda-feira)
10h30min
Seminário Internacional organizado por partidos de centro-esquerda na sede da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do RS (Fetrafi), na Rua Coronel Fernando Machado, nº 820, Centro.
18h
Ato de juristas e intelectuais em defesa de Lula e da democracia na sede da Fetrafi. A promoção do ato é da Frente Brasil de Juristas pela Democracia, do Projeto Brasil-Nação e do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito. Entre os nomes confirmados estão o de Celso Amorim (ex-ministro da Defesa) e o de Eugênio Aragão (ex-ministro da Justiça).
23 de janeiro (terça-feira)
9h30min
Encontro de mulheres pela democracia e em defesa de Lula, com as presenças da ex-presidente Dilma Rousseff, da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e das deputadas Maria do Rosário (PT) e Manuela D'Ávila (PC do B), entre outros nomes, na sede da Fetrafi.
14h
Encontro do Fórum Social Mundial na Assembleia Legislativa, com participação prevista, via telão, de ex-presidentes como Cristina Kirchner (Argentina), Pepe Mujica (Uruguai) e Rafael Correa (Equador). O evento será seguido de ato público e caminhada, cujo roteiro ainda não foi definido – existe a possibilidade de que Lula participe destes dois últimos eventos. Depois disso, deverá ter início uma vigília nas proximidades do TRF4.
24 de janeiro (quarta-feira), dia do julgamento
Deverão ocorrer atos públicos em diferentes Estados. No caso de Porto Alegre, ainda não há definição. Em São Paulo, a mobilização se concentrará na Avenida Paulista a partir das 14h, com a presença de Lula prevista para o início da noite.