Em assembleia na tarde desta sexta-feira (24), o Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers) decidiu manter a greve de parte da categoria, iniciada em setembro. Realizado no Gigantinho, em Porto Alegre, o encontro expôs novamente a divisão entre os docentes. Depois de discursos proferidos por lideranças, a votação terminou com 838 votos favoráveis e 782 contrários à continuidade da paralisação.
Presidente do Cpers, Helenir Schürer abriu a assembleia com manifestação defendendo o fim da greve. Para Helenir, o sindicato já obteve sucesso graças ao movimento. Ao fim do discurso, a fala da presidente foi alvo de aplausos e vaias. Pouco depois, a principal líder de oposição, Rejane de Oliveira, atacou o governo estadual. Em seu discurso, pediu a manutenção do movimento e disse que o Piratini ainda não resolveu impasse referente ao parcelamento de salários do funcionalismo.
Após a assembleia, Helenir afirmou que, mesmo com o resultado da votação, não se sentiu derrotada. A presidente do Cpers também manifestou preocupação com a queda na adesão à greve.
— Não me sinto derrotada. Tenho 33 anos de sindicato. Sabemos quando a greve tem força para avançar ou não. Hoje, foi dito com todas as letras isso. Mesmo assim, a categoria decidiu pela paralisação. A fragilidade da greve nos prejudica, porque o governo vai jogar — mencionou Helenir.
O Cpers informou que não tem dados atualizados sobre o número de servidores paralisados no Estado. Conforme o sindicato, nova contagem deve ser feita na próxima semana. Por sua vez, o secretário da Educação, Ronald Krummenauer, afirma que "menos de 4 mil servidores", em universo de 70 mil, estão em greve. De acordo com Krummenauer, "pouco mais de 20 escolas" estão totalmente paradas no Rio Grande do Sul.
— Não tem o que avaliar sobre a assembleia. A greve, hoje, é insignificante, com meia dúzia de pessoas tomando as decisões — declarou o secretário.
Ao longo da paralisação, o Cpers manifestou contrariedade a medidas adotadas pelo Piratini, como o parcelamento de salários, e solicitou a garantia do pagamento do 13º em dezembro. No último dia 14, o governo anunciou a suspensão das negociações com o sindicato até que a greve seja encerrada. A decisão do Estado ocorreu quatro dias depois de outra assembleia do Cpers ter decidido continuar com a paralisação.
Resumo dos impasses
- Em 5 de setembro, o Cpers decreta greve por tempo indeterminado.
- De lá para cá, professores e integrantes do Piratini participam de reuniões em busca de um acordo, mas não conseguem encerrar os impasses. Um dos encontros, em 24 de outubro, dura em torno de cinco minutos.
- Em 7 de novembro, em busca de nova reunião com o Estado, um grupo de docentes invade o gabinete do deputado e líder do governo na Assembleia Legislativa, Gabriel Souza (PMDB). Em seguida, o Piratini vai até a sede Cpers e apresenta proposta para tentar encerrar a paralisação. Entre as reivindicações entregues pelos professores ao Estado, está a que pede a garantia de 45 dias de férias entre janeiro e fevereiro. Na resposta ao Cpers, o governo classifica a solicitação como "pedagogicamente absurda".
- Em 10 de novembro, o sindicato realiza assembleia em que a manutenção da greve é aprovada.
- Quatro dias depois, em 14 de novembro, o Cpers busca novo encontro com o governo, mas o Piratini suspende as negociações com o sindicato até que a paralisação seja encerrada.
- Em 21 de novembro, o Cpers bloqueia acessos da Assembleia Legislativa contra a entrega de projetos do governo de ajuste fiscal.
- Em 24 de novembro, em nova assembleia, professores decidem seguir com a greve.