Em assembleia realizada na tarde desta sexta-feira (10), o Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers) decidiu manter a greve iniciada há dois meses. O encontro no Parque Harmonia, em Porto Alegre, terminou com 1.160 votos favoráveis e 578 contrários à paralisação.
Marcada por discussões, a assembleia expôs uma divisão entre os professores. Antes de o pleito começar, o conselho do Cpers orientou a categoria a votar pelo fim da greve, posição derrubada nas urnas. Conforme o sindicato, até sexta-feira, em torno de 4,5 mil servidores estavam com as atividades paralisadas no Estado.
Presidente do Cpers, Helenir Schürer afirma que o resultado foi influenciado por núcleos que representam docentes de quatro cidades onde a adesão à greve ainda é robusta. Esses municípios, segundo Helenir, são Porto Alegre, Santa Maria, Pelotas e Rio Grande.
– Foi uma decisão democrática. A assembleia é soberana. Há núcleos, onde a greve é forte, que conseguiram contagiar o restante da categoria – resumiu.
Depois da assembleia, membros do sindicato participaram de caminhada por vias da Capital. Durante o deslocamento, os manifestantes se uniram a um grupo que protestava contra a reforma trabalhista. O ato foi encerrado na Esquina Democrática, no Centro, no fim da tarde.
Secretário lamenta rejeição de acordo
Na terça-feira, os secretários Ronald Krummenauer (Educação) e Fábio Branco (Casa Civil) haviam participado de reunião na sede do Cpers, em Porto Alegre. O encontro foi uma tentativa de colocar ponto final na paralisação depois de um grupo de docentes invadir o gabinete do líder do governo na Assembleia, deputado Gabriel Souza (PMDB).
No encontro, a comitiva do Piratini, que também teve a presença do parlamentar, entregou respostas a documento enviado pelos professores com 10 solicitações da categoria. Entre os pedidos, o grupo reivindicava a garantia de 45 dias de férias entre janeiro e fevereiro.
– Fico surpreso com o resultado da assembleia. Na terça-feira, havíamos chegado a um acordo. A assembleia é soberana, mas, antes da votação, o conselho do Cpers chegou a indicar o término da greve – lamentou Krummenauer.
Conforme o secretário da Educação, o governo calcula que 4 mil servidores em um universo de 70 mil estão com as atividades paralisadas. No Rio Grande do Sul, afirma, são 50 escolas sem aulas. Krummenauer acrescenta que, neste momento, o Piratini não tem como seguir com as negociações:
– Chegamos ao nosso limite na terça-feira. Aquilo foi fruto de uma negociação direta com o comando de greve do Cpers. O desrespeito com os alunos também chegou ao seu limite. Não venham dizer que não houve esforço do governo.