Líderes da oposição na Câmara anunciaram nesta terça-feira (24) que não vão registrar presença na sessão plenária de quarta-feira (25), quando está marcada a votação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). O objetivo é tentar impedir que a votação ocorra, deixando Temer "sangrando" por mais tempo.
Para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), possa começar os procedimentos da votação, é necessário que pelo menos 342 dos 513 deputados registrem presença no plenário. Esse é o mesmo quórum mínimo exigido pelo regimento interno da Casa para que a denúncia da PGR seja aceita. Juntos, partidos da oposição reúnem cerca de 100 deputados, o que, somados à ala oposicionista do PSB, pode chegar a 120 parlamentares.
— A responsabilidade de dar quórum é do governo. Mas é claro que, se o governo der quórum, nós vamos para o embate — afirmou em entrevista coletiva o líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
Ele disse ainda que os "dados" da oposição mostram que Temer pode sofrer uma derrota na votação desta quarta-feira.
— A vaca pode ir para o brejo amanhã — declarou o petista.
Ciente desse movimento da oposição, lideranças governistas na Câmara tentam mobilizar os deputados da base para que compareçam na sessão e marquem presença, mesmo os que vão votar contra o presidente.
— Vamos monitorar a chegada dos deputados em Brasília para garantir que a sessão ocorra. Precisamos até mesmo que aqueles que vão votar contra registrem presença — revelou o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE).
Galerias
A oposição também anunciou nesta terça-feira (24) que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria liberado parte das galerias do plenário para que manifestantes favoráveis à saída de Temer acompanhem a votação da denúncia.
Contudo, no início da tarde, a assessoria de imprensa da Presidência da Câmara negou que o presidente da Casa tenha decidido liberar as galerias para militantes acompanharem a votação da denúncia contra o presidente e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.
Segundo o líder do PSB, Julio Delgado (MG), a galeria seria dividida em três espaços: um para imprensa, um para militantes contra Temer e outra para militância favorável ao presidente. Na votação da primeira denúncia, as galerias estavam fechadas.
A Presidência da Câmara, o Departamento de Polícia Legislativa (Depol) informou que, até o momento, as galerias serão abertas apenas para jornalistas.