O criminalista Eduardo Pizarro Carnelós é o novo defensor de Michel Temer. Ele foi indicado pelo advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que renunciou à defesa do presidente alegando "conflito ético" porque já defendeu o doleiro Lúcio Funaro.
Carnelós é titular de uma banca de advocacia na capital paulista. Ele já advogou para o senador José Serra (PSDB).
Ainda um jovem advogado - mas já dono de um estilo aguerrido e sem meias-palavras -, em 1990 ele denunciou o caso Lubeca, escândalo que marcou a administração Luiza Erundina (então no PT) na Prefeitura de São Paulo (1989/1992).
Na ocasião, Carnelós integrava a Secretaria dos Negócios Jurídicos de Erundina, sob comando do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh que acumulava o cargo de vice-prefeito.
O novo advogado de Temer foi presidente da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), mas em 2002 renunciou alegando que era alvo de "conspiração" para não leva-lo à recondução ao cargo.
Ele assume a defesa de Temer em um momento crucial para o presidente, alvo maior da denúncia de Janot. Em 245 páginas e muitos anexos, o procurador acusa o "quadrilhão" do PMDB, incluindo dois ministros, Moreira Franco e Eliseu Padilha, notórios aliados do presidente.
A Câmara tem a prerrogativa de decidir se autoriza ou não abertura de ação penal contra o presidente.
A primeira denúncia de Janot, que imputava a Temer corrupção passiva no caso JBS, foi barrada na Câmara.
Mariz teve papel fundamental no primeiro triunfo do presidente. Defendeu, perante os deputados da base e os da oposição, a tese de que o amigo de longa data é inocente e fustigou com determinação a ofensiva do procurador, acusando-o de promover "perseguição política" contra o presidente.
Agora, a defesa de Temer contra a segunda denúncia de Janot será promovida por Eduardo Carnelós, apontado por seus colegas como um advogado perspicaz e incisivo, qualificado em matéria penal.