A nova etapa da Lava-Jato, centrada no Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (16), tem como alvo desvio de recursos públicos em grandes obras de engenharia.
Um dos investigados é Athos Albernaz Cordeiro, ex-presidente do Sindicato da Indústria de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em geral no Estado (Sicepot-RS). Empresas ligadas a ele foram alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF) nesta manhã. Ninguém foi preso.
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Outro investigado é o irmão de Athos, o doleiro Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro (conhecido como Tonico Cordeiro). Os dois já foram investigados em outros procedimentos da PF. Athos foi réu em processo da Justiça Federal que investigava fraude em licitações na barragem de Taquarembó (entre Dom Pedrito e Lavras do Sul, na Campanha). Ele acabou absolvido, em 2016, mas quatro pessoas foram condenadas no episódio, incluindo outros construtores e ex-secretários do governo Yeda Crusius. Procuradores recorrem contra a absolvição.
Athos é ligado à STE Engenharia (Serviços Técnicos de Engenharia), com escritório em Canoas e projetista de diversas grandes obras no Rio Grande do Sul. A investigação abrange essa empresa e a sede da Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas (Areop).
Tonico Cordeiro, o doleiro, foi um dos presos pela Operação Xepa, desdobramento da Lava-Jato que detalhou, em 2016, corrupção praticada pela empreiteira Odebrecht. Ele seria encarregado de pagamentos de propina a políticos que beneficiavam a construtora em contratos. Responde a inquérito na PF por esse motivo.
Tonico, segundo a PF, teria lavado dinheiro de suborno proveniente de obras como a ampliação do ramal do trensurb (entre São Leopoldo e Novo Hamburgo) e também da Terceira Perimetral de Porto Alegre. Ele admitiu ter repassado quantias a pedido da Odebrecht para emissários de políticos indicados pela empreiteira, mas garantiu, em depoimento, que não sabia quem eram os políticos – apenas entregava o dinheiro, em malas.
A Operação Étimo, desencadeada hoje no RS, é decorrência de revelações da Lava-Jato, mas toda a investigação foi conduzida por equipes de policiais federais do Estado. As obras sob suspeita ainda não foram reveladas pela PF.