Em um discurso na tribuna do Senado, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), criticou, na quarta-feira, o que chamou de "vazamentos seletivos" realizados no âmbito da Operação Lava-Jato e se disse vítima de preconceito e perseguição por parte do Ministério Público Federal.
As declarações de Renan ocorreram em meio à expectativa de ser levantado o sigilo das delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht no Supremo Tribunal Federal (STF). O discurso também ocorreu um dia após deflagrada a Operação Satélite da Polícia Federal, que teve como alvos pessoas ligadas ao peemedebista e aos senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE); Valdir Raupp (PMDB-RO) e Humberto Costa (PT-PE) e o governador de Alagoas, Renan Filho.
– Perplexo percebo seguidas tentativas de me jogar num ambiente de manipulação, vazamentos, embustes e publicidades opressivas. Onde se multiplicam inquéritos instaurados sem um fiapo de prova, a partir de meras alusões mentirosas e irresponsáveis de alguns delatores – afirmou Renan em discurso que durou cerca de uma hora.
Leia mais
Renan sobe o tom contra a Polícia Federal e o Ministério Público
O que há contra os quatro citados na nova fase da Lava-Jato
O líder do PMDB disse que vários juristas vem demonstrando preocupação com o "denuncismo e desinformação". Ele destacou as declarações feitas pelo ministro Gilmar Mendes de que o conteúdo vazado poderá deixar de servir como prova.
– Em qualquer lugar do mundo civilizado se uma delação vazar, como no Brasil, ela estará automaticamente desfeita. Foi isso que o ministro Gilmar Mendes chamou a atenção. Esses vazamentos seguidos a que objetivam? Será que são propositais para anular as provas? O Supremo não pode conviver com isso tem que por um limite – defendeu.
"Cenário de medo"
Apesar de defender as delações e dizer favorável as investigações, Renan considerou que os métodos adotados atualmente se baseiam na criação de um "cenário de medo".
– A estratégia dos órgãos repressores é erguer cenário de medo a partir da prisão preventiva para obter colaboração supostamente voluntária de investigado e depois de vazadas seletivamente para a mídia. É sempre o mesmo caminho – criticou.
*Estadão Conteúdo