Escolhido pelo presidente Michel Temer para ocupar a liderança da maioria na Câmara, com a intenção de acalmar a bancada do PMDB, o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) confia que o governo tenha condições de superar a turbulência provocada pelas delações da Odebrecht.
O parlamentar reconhece que o Planalto ainda não dispõe dos 308 votos necessários para chancelar a reforma da Previdência, mas demonstra otimismo. Avalia que será possível aprovar a agenda de reformas no primeiro semestre. Confira abaixo trechos da entrevista concedida a Zero Hora.
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Após quedas de ministros, reclamações no PMDB e com expectativa sobre o fim do sigilo das delações da Odebrecht, como está a base do governo?
As turbulências estão colocadas desde o início do governo (maio de 2016), apenas assumem formas diferentes a cada momento. Conheço a Câmara há 10 anos. Em nenhum momento, mesmo no governo Lula, a base teve vitórias tão expressivas nas votações.
Eventual saída em definitivo do ministro Eliseu Padilha pode atrapalhar o governo?
Eliseu fez a cirurgia, me ligou um dia antes e conversamos. Sou médico, entendi a situação. É um assunto que segue curso normal. Ele é muito importante.
Quais são as prioridades do governo na Câmara?
Pela ordem de votação, levando em conta também as falas do Rodrigo (Maia, presidente da Câmara): terceirização, reforma da Previdência e reforma trabalhista. A Previdência é, de longe, o tema mais complexo.
A base distribui críticas à reforma da Previdência. O governo tem os 308 votos necessários na Câmara para aprová-la?
Serão construídos (os 308 votos). O PMDB tem um compromisso natural, por ser o partido do presidente, e a base será envolvida. A linha média dos entendimentos vai ser buscada no relatório da comissão especial. Estou confiante para superar até maio essa discussão.
Nos bastidores, fala-se em punir com perda de cargos no governo os deputados da base que votarem contra a reforma da Previdência. Esse é o caminho?
Ainda estamos nas conversas sobre a proposta da reforma. Governar é compartilhar espaços e ter responsabilidade com resultados.
O senador oposicionista Paulo Paim (PT-RS) defende a realização de uma CPI da Previdência. A base do governo vai deixar?
É uma tentativa de fazer o embate da contrarreforma, de criar um fórum que se contraponha à reforma. O local do embate é a comissão especial da Câmara, que está em andamento.
No próximo ano, os 513 deputados terão de renovar os mandatos. A proximidade com o período eleitoral pode atrapalhar?
É natural a influência dos eleitores, mas é preciso ter claro que o país deve enfrentar esse debate. Espero ver o governo superar a agenda das reformas na Câmara no primeiro semestre, para que possamos entrar na agenda de propostas voltadas para a econômica e para a legislação eleitoral.
Reforma eleitoral é possível?
O Congresso tem de discutir até o final de setembro se faz alguma modificação visando a próxima eleição. Não acredito que seja possível voltar à posição anterior no financiamento de campanha (com doações empresariais).
A sua posição na liderança da maioria e a nomeação do deputado Osmar Serraglio no Ministério da Justiça acalmaram o PMDB? Ainda há insatisfeitos?
O ambiente da Câmara vai se normalizar quando definirmos os ocupantes das comissões. A de Constituição e Justiça (CCJ) deve ser ocupada pelo Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), contemplando a bancada de Minas Gerais. Os mineiros sempre tiveram expectativa de ter ministro, isso é legítimo. Na base da conversa, vamos criar a convergência necessária.
Como vai funcionar esse novo modelo de líder do governo – Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) foi nomeado no lugar de André Moura (PSC-SE) – e líder da maioria na Câmara?
Vamos discutir um espaço físico para instalar a liderança da maioria e articular a base do governo. Conforme a necessidade dos embates, um líder vai cuidar mais das negociações, e o outro, do plenário. Será uma divisão de tarefas.