A articulação do Congresso para anistiar o caixa 2 é uma tentativa, na verdade, de conseguir um perdão para os crimes de corrupção. A avaliação é do procurador regional da República e integrante da Força-Tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Carlos Fernando dos Santos Lima. Durante debate em Brasília, o procurador insinuou que os parlamentares estão "em polvorosa" com a delação negociada pela Odebrecht, na reta final de ser celebrada, e por isso tentam uma "salvação" no Congresso.
– Temos talvez uma grande colaboração a ser celebrada essa semana. Não é à toa que o Congresso Nacional está em polvorosa. Há muitos necessitados de salvação entre deputados e senadores e são eles que estão agora abandonando todo o pudor, lutando pela sua sobrevivência – disse Carlos Fernando.
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Em discurso duro, ele foi crítico à repatriação de recursos e à reação do Congresso que tenta alterar o pacote das medidas contra a corrupção. Segundo ele, hoje "não é dia de luva de pelica, é dia de luva de boxe", para conseguir aprovar as medidas na sua essência.
– A ideia de se anistiar caixa 2 é falsa. O que se pretende é anistiar corrupção. O que está se pensando no congresso nacional é uma anistia aos que em troca de contratos públicos receberam valores. Isto não é crime de caixa 2. Isto é corrupção – disse Carlos Fernando.
Segundo o procurador, presos da Lava-Jato e do Mensalão deveriam sair da cadeia se a anistia for aprovada.
– José Dirceu terá direito de ser liberado no dia seguinte da sanção dessa lei. A redação do que vai ser apresentado essa noite vai incluir corrupção, vai incluir anistia para lavagem de dinheiro. Se aprovada, todo o trabalho desde o mensalão irá para o lixo – afirmou.
Carlos Fernando dos Santos Lima participou de evento organizado na Procuradoria-Geral da República na manhã desta quinta-feira, em que procuradores fazem debate sobre as medidas junto com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).