Os advogados do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha(PMDB-RJ), temem que a divulgação do pedido de prisão do parlamentar, feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, possa atrapalhar a estratégia da defesa para evitar a cassação. O Conselho de Ética discute, desde o fim da manhã de terça-feira, o relatório que pede o afastamento do deputado da Casa.
Opositores de Cunha querem aproveitar a repercussão negativa da divulgação do pedido de prisão para votar ainda nesta terça-feira o parecer pedindo a cassação do peemedebista. Segundo o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), o pedido de prisão feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pode ajudar a mudar votos de integrantes do conselho que estavam indecisos.
– Vai ser de 20 a 0 – brincou o parlamentar, que é membro titular do colegiado.
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Opositores do presidente afastado querem fazer a votação mesmo sem a certeza de como se posicionará a deputada Tia Eron (PRB-BA), cujo voto é considerado decisivo para que a cassação de Cunha seja aprovada no Conselho de Ética.
Para que o peemedebista seja cassado, o pedido ainda precisa passar pelo plenário da Câmara. Caso o parecer pela cassação seja rejeitado no Conselho, a estratégia de aliados de Cunha é apresentar e tentar aprovar um novo parecer propondo uma pena mais branda, provavelmente a suspensão do mandato. Foi justamente esse parecer em separado que foi usado nos últimos dias como aceno para tentar mudar o voto de Tia Eron.
Opositores do presidente afastado da Câmara dizem que, caso o parecer pela cassação seja rejeitado, a estratégia será derrubar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa o parecer à consulta sobre o trâmite de votação de processos disciplinares no plenário. De autoria do deputado Arthur Lira (PP-AL), o parecer beneficia Cunha.
A assessoria de Cunha informou na manhã desta terça-feira que o peemedebista não vai se posicionar sobre o pedido de prisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Segundo a assessoria, Cunha quer conhecer primeiro o teor do pedido para depois se pronunciar. Além de Cunha, Janot pediu a prisão do presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador e ex-ministro Romero Jucá (PMDB-RR) e o uso de tornozeleira eletrônica para o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB-AP). Os pedidos estão na mesa do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para serem analisados.