Mesmo com a determinação do Supremo Tribunal Federal para liberação das rodovias de todo país, por volta das 9h30 desta terça-feira (1º) havia 38 pontos em que manifestantes controlavam o tráfego de automóveis em cinco rodovias federais em Santa Catarina. A Polícia Rodoviária Federal afirma que negocia liberações caso a caso. Em Santa Rosa do Sul, Maracajá e Içara, região de Criciúma, GZH não encontrou viaturas da PRF nas barreiras na manhã desta terça.
Há 16 bloqueios na BR-101 em território catarinense, mas na metade sul é permitida a passagem de veículos de passeio.
No bloqueio que ocorre em Maracajá, a pista principal da BR-101 tem máquinas agrícolas, geladeira, pneus queimados e caminhões bloqueando a passagem. A pista lateral é utilizada para o fluxo de automóveis menores, sob fiscalização e controle dos manifestantes bolsonaristas.
Neste ponto, por volta das 8h da manhã, a passagem de veículos leves foi suspensa por alguns minutos. Cerca de 10 pessoas detidas em seus carros desceram e foram até o bloqueio conversar com manifestantes. Elas foram recebidas com gritos de “volta para o carro”. Um homem, que se aproximou para conversar, voltou para o automóvel e falou com a reportagem rapidamente:
— Eles explicaram que queriam apenas diminuir a velocidade da passagem dos automóveis — disse, passando rapidamente para voltar ao veículo, confirmando que um dos manifestantes segurava um pedaço de madeira durante a conversa.
Apenas um veículo da CCR Via Costeira, empresa concessionária que administra o trecho, acompanhava a situação. Questionada sobre a situação, a PRF em Santa Catarina disse não ter informações. Sobre a atuação neste e em outros bloqueios, o órgão afirma que trabalha para diminuir as interdições, que chegaram a ser 47 na madrugada, de acordo com a própria polícia.
Vereador incita manutenção de bloqueios até quarta-feira
Em Tubarão, nem carros pequenos podem passar. Na rodovia estadual SC-370, o vereador de Gravatal, município vizinho de Tubarão, no sul de Santa Catarina, Douglas Berola, convocou a manutenção dos protestos em entrevista à Rádio Tubá 104,9 FM.
— Precisamos resistir, seguir protestando até amanhã, para completar 72 horas. A esquerda quer implantar o comunismo, e já está implantando antes de assumir o governo. Precisamos evitar isso — conclamou Berola, de 29 anos, eleito em 2020 pelo PSL.
Não há indícios de política econômica ou outro tipo de medida que aproxime o Brasil de práticas comunistas até o momento, dois dias depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, para um terceiro mandato.
— Estamos liberando carros de passeio em pequenas quantidades. Ambulância tem prioridade para passar. O resto, paramos tudo. Quem não quiser aderir a nossa manifestação, volta pra casa. Quem tem medo de perder o emprego ou prioriza outras coisas, tudo bem, entendemos. O que precisamos é de gente comprometida conosco — complementou o vereador.
Em todos estes pontos visitados pela reportagem entre a tarde de segunda e a manhã de terça-feira, bandeiras do Brasil e faixas contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, dão o tom e resumem a reivindicação dos manifestantes.