O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) participou de uma missa em homenagem ao dia de Nossa Senhora Aparecida, no Santuário Nacional, na tarde desta quarta-feira (12). Ele foi recebido com gritos e vaias em mais de uma ocasião durante a celebração.
Quando o nome do presidente foi chamado pelo padre Eduardo Ribeiro, os aplausos foram mais perceptíveis. O coordenador da celebração chegou a pedir silêncio três vezes na tentativa de sobrepor os presentes que chamavam o chefe do Executivo de "mito". Um dos padres presentes abriu a batina e mostrou que usava uma camiseta do Brasil por baixo.
— Silêncio na Basílica, viemos aqui para rezar — disse.
Em uma das entradas do Santuário, centenas de pessoas aguardavam a chegada de Bolsonaro. Na porta havia bandeiras e distribuição de adesivos com o número de urna do presidente e do candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Próximo a Aparecida, um outdoor mostrava a imagem de Tarcísio com os dizeres "Caminho da Fé" e "Dutra", destinado aos peregrinos que seguiam ao Santuário. Na parte externa, um grupo de apoiadores se envolveu em uma pequena confusão com uma mulher que usava a camiseta do candidato opositor aos bolsonaristas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente chegou acompanhado da deputada federal Bia Kicis (PL-RJ), do ex-ministro João Roma (PL), do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), do senador eleito em São Paulo, Marcos Pontes (PL), além do já citado Tarcísio.
Bolsonaro permaneceu em silêncio na maior parte do tempo e não subiu ao altar.
— Nós amamos a virgem Aparecida porque ela é negra, é da cor do nosso povo. A segunda leitura é um estímulo para vencermos os dragões da tristeza, do ódio, do rancor, dragões que nos afastam do Evangelho — disse o padre Eduardo Catalfo, durante a missa.
A temática dos "dragões" foi utilizada pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, no ano passado, para criticar o avanço de ideologias sobre a Igreja. Bolsonaro esteve nas celebrações do dia 12 de outubro também em 2019 e 2021, quando foi convidado a fazer uma das leituras da missa, mas o período eleitoral deste ano levantou críticas à sua presença.
Questionado sobre o eventual uso eleitoral das celebrações de Nossa Senhora Aparecida pelo presidente, Dom Orlando pediu que os fiéis tenham uma "identidade religiosa".
— Eu não posso julgar as pessoas, mas nós precisamos ter uma identidade de religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Então, nós precisamos ser fiéis à nossa identidade católica. Mas, seja qual for a intenção, (Bolsonaro) vai ser bem recebido, pois é o nosso presidente — afirmou Dom Orlando a jornalistas, após a celebração de uma das sete missas programadas para esta quarta-feira no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
O presidente tem forte ligação com religiões evangélicas. Na manhã desta quarta-feira, o chefe do Executivo esteve em Belo Horizonte (MG), onde participou da inauguração de uma Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada pelo apóstolo evangélico Valdemiro Santiago.
No final da missa, Bolsonaro deixou a Basílica, o que causou uma algazarra entre os fiéis. Um grupo grande correu para uma praça localizada próxima à Basílica Velha, onde o Grupo Dom Bosco organizou a oração de um Terço e divulgou que o presidente estaria presente.