Concorrendo pela primeira vez ao governo do RS, Carlos Messalla Lima da Rosa (PCB) é servidor de carreira dos Correios, tem 46 anos e é natural de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Crítico do sistema capitalista, Messalla prega revolução socialista como solução para as dificuldades enfrentadas pelas camadas mais pobres da população.
A principal proposta do candidato é ampliar a oferta de serviços públicos por parte do governo estadual. Para isso, pretende romper com o regime de recuperação fiscal (RRF), acordo para a retomada do pagamento da dívida com a União assinado pela atual administração:
— Nossa leitura é de que essa dívida com a União já foi paga. Nós vamos romper com esse regime, pegar os valores que seriam pagos e colocar em investimentos públicos.
Refratário a privatizações, o candidato do PCB classifica como "absurda" a venda da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), que o Palácio Piratini quer concluir até o final deste ano. Além disso, considera danosa a ideia de repassar o Banrisul ao capital privado.
— Também entendemos que há possibilidade de reverter as privatizações da CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica) e da Sulgás, que ocorreram recentemente, e vamos trabalhar para isso — acrescenta Messalla.
Se eleito, afirma que implementará taxação sobre o agronegócio e sobre grandes empresários, a fim de custear benefícios sociais para os mais pobres:
— Estamos falando dos proprietários de grandes empresas, de uma rede de escolas, por exemplo. Não o camarada que colocou uma escolinha ali na esquina. Esse é um trabalhador. Vamos focar na fatia dos que ganham muito. Não o camarada que colocou um minimercado, que montou uma lojinha de R$ 1,99. De repente para esses até vamos tirar impostos, facilitar a vida deles.
Série de entrevistas
De 29 de agosto a 8 de setembro, GZH publica entrevistas com candidatos a governador do RS. O foco é discutir problemas do Estado e aprofundar as propostas de governo. Cada um dos oito postulantes de partidos com ao menos cinco representantes no Congresso terá entrevistas mais longas. Os outros concorrentes dividirão uma reportagem em 8/9. A ordem de publicação é alfabética, conforme o nome que será apresentado na urna.
Para combater a fome e a insegurança alimentar, o candidato avalia que o melhor caminho é a criação de parcerias com cooperativas e agricultores familiares para formar o que chama de "linha direta" entre alimentos e pessoas necessitadas.
— Vamos criar mercados e restaurantes populares, em que o acesso será facilitado. Nesses restaurantes, aposentados, trabalhadores que recebam até dois salários mínimos, e estudantes de baixa renda não vão pagar — promete.
Vamos criar mercados e restaurantes populares, em que o acesso será facilitado. Nesses restaurantes, aposentados, trabalhadores que recebam até dois salários mínimos, e estudantes de baixa renda não vão pagar.
Pertencente a um partido que jamais teve desempenho expressivo nas eleições estaduais, Messalla reconhece que defende ideias consideradas radicais por boa parte da população. Mas avalia que, diante das dificuldades econômicas, a parcela mais desfavorecida do eleitorado pode se sentir atraída pelo ideário socialista. Sem acesso ao horário eleitoral em rádio e TV em razão da cláusula de barreira criada na eleição de 2018, o postulante ao Piratini aposta nas redes sociais e no contato direto com os eleitores para espalhar suas ideias.
— Temos propostas diretas que beneficiam 99% da população — diz.
O candidato a vice na chapa é o professor aposentado Edson Canabarro (PCB).