É montagem uma imagem que mostra o carro com o caixão da rainha Elizabeth II, morta em 8 de setembro, na qual a placa do veículo tem as letras e números “JB 0022”. A imagem foi adulterada e as letras e números foram inseridos digitalmente, com a intenção de associá-los ao atual presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). A foto verdadeira foi feita pelo fotógrafo Jeff J Mitchell, da agência Getty Images. O registro pode ser encontrado no próprio site da agência e em diversos sites de notícias. A placa verdadeira do veículo é “WP 4597”.
Conteúdo investigado: publicação com foto do carro funerário que levou o corpo da rainha Elizabeth II durante o cortejo fúnebre em Ballater, no Reino Unido. Na imagem, a placa do veículo aparece com as letras e números “JB 0022”. Ainda há uma flecha vermelha desenhada apontando para a placa do veículo e a frase “Rainha mandou o sinal”, fazendo referência às letras iniciais do nome e sobrenome, e ao número eleitoral do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro. Na descrição do post, o autor escreve “vai vendo… Salve a Rainha 😄😄” (sic). O conteúdo, que também circula como sátira, foi compartilhado em grupos de WhatsApp como se fosse verdadeiro.
Onde foi publicado: Facebook, Twitter e WhatsApp.
Conclusão do Comprova: é uma montagem a imagem publicada num grupo público do Facebook na qual a placa do carro fúnebre com o corpo da rainha Elizabeth II tem as letras e números “JB 0022”. O mesmo conteúdo também foi publicado em perfis do Twitter e foi enviado ao Comprova por leitores que o receberam pelo WhatsApp.
Com auxílio das ferramentas InVID e TinEye, o Comprova fez a busca reversa da imagem usada na publicação no Facebook. Os resultados mostraram que a foto original já havia sido usada em sites de notícias como o Liverpool Echo. A imagem original também está disponível no site da agência Getty Images, responsável pela comercialização do conteúdo. Pela descrição disponibilizada pela agência, o registro foi feito pelo fotógrafo Jeff J Mitchell no dia 11 de setembro de 2022, em Ballater, no Reino Unido.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: até o dia 13 de setembro, o post em um grupo público do Facebook tinha 4,2 mil interações, 483 comentários e 2,4 mil compartilhamentos.
O que diz o autor da publicação: o Comprova entrou em contato com o autor da publicação por meio do Facebook. Até o fechamento deste texto, porém, ele não havia retornado.
Como verificamos: primeiramente, com auxílio da extensão InVID, fizemos uma busca reversa da imagem usada no post do Facebook em vários sites e buscadores da internet. Entre os resultados, a fotografia que aparece na peça de desinformação foi encontrada na busca reversa da ferramenta TinEye. Os resultados mostraram que a foto original do carro fúnebre, com a placa “WP 4597”, foi utilizada em diversas reportagens de sites de notícias, entre eles Liverpool Echo e CNN Brasil. O crédito da foto original, de acordo com esses sites, é atribuído a Jeff J Mitchell, da agência Getty Images.
Imagem original foi publicada em sites de notícias
Ao buscar o nome do fotógrafo no site da agência, o resultado comprovou que a foto que aparece nos sites de notícias é a original, feita por Jeff J Mitchell no dia 11 de setembro, enquanto o carro fúnebre com o corpo de Elizabeth II passava por Ballater, uma vila em Aberdeenshire, Escócia, no Reino Unido. A comunidade fica próxima ao castelo de Balmoral, onde a rainha faleceu.
Outros conteúdos publicados durante o dia 11 setembro mostram imagens dos mais variados ângulos do carro fúnebre com o corpo da rainha, em sites internacionais como Daily Record, CTV e da BBC, e no Brasil, como em GZH e Folha. Em todas, é possível notar que o veículo e a placa são os mesmos do registro feito pelo fotógrafo da Getty Images.
Por que investigamos: o Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam na internet relacionados às eleições presidenciais deste ano, à pandemia da covid-19 e a políticas públicas do governo federal. Conteúdos fora de contexto ou com partes manipuladas sobre um personagem ou outro da corrida eleitoral podem influenciar na concepção do eleitor sobre determinado candidato, atrapalhando o livre exercício do voto e do sistema democrático brasileiro como um todo.
Outras checagens sobre o tema: o Comprova também mostrou que é enganoso um vídeo que reúne informações equivocadas para criticar financiamentos do BNDES no exterior durante governos do PT, que a candidata Simone Tebet prometeu reduzir impostos dos mais pobres, ao contrário do que sugere um vídeo, e que um vídeo foi manipulado para inserir ofensa a Lula no discurso de uma apoiadora em Pernambuco.