Ausente no debate presidencial promovido pela emissora SBT, em parceria com CNN, Veja, O Estado de S. Paulo, Nova Brasil FM e Terra, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi alvo de críticas de seus adversários. Na chegada ao debate, os candidatos lamentaram a ausência do líder nas pesquisas. O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição e principal adversário de Lula, atacou o petista ao chegar.
— A ausência do presidiário, do ex-presidiário demonstra que ele não tem compromisso com a população. Em 2018, eu não compareci por causa da facada e fui massacrado pelo PT — afirmou.
O presidente alegou que Lula "foi muito mal" no debate realizado pela Band, no início da campanha, e voltou a acusar o petista de ser responsável por esquemas de corrupção.
— Foi tirado da cadeia e descondenado por amigos no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele é candidato, mas não tem condições morais de ocupar a Presidência.
O candidato do PDT, Ciro Gomes, lamentou a ausência do adversário. Para ele, Lula está de salto alto.
— É lamentável que um candidato que diz que precisa fazer voto útil para enfrentar o fascismo, e estigmatiza o fascismo da ponte adversária, não venha, na presença do adversário, mostrar o fascismo dele — afirmou Ciro ao chegar. — Eu estou aqui para denunciar a corrupção, o fascismo e, mais do que tudo, mostrar que o Brasil tem saída — disse.
Ciro afirmou que um candidato, quando falta a um debate, ou está de "salto alto" ou sabe que terá de enfrentar coisas que não tem como explicar.
— No caso do Lula, é os dois — disse o pedetista, que voltou a bater na corrupção nos governos do PT.
Questionado sobre as propostas que discutirá no debate, Jair Bolsonaro afirmou que quer falar de políticas para mulheres.
— Não adianta vitimizar sem proposta para tornar (as mulheres) independentes — disse. Pesquisas eleitorais mostram que Lula lidera as intenções de voto no segmento.
A candidata do União Brasil, Soraya Thronicke, por sua vez, avaliou a ausência de Lula como um "ato de covardia".
— Comparecer ao debate é obrigação do candidato e direito do eleitor — afirmou Soraya ao chegar ao debate. — Entendo que é ato de covardia do candidato. Você pode organizar sua agenda. A desculpa que foi dada é esfarrapada. É desrespeito.
O candidato do Novo, Felipe d'Avila, criticou o pedido por "voto útil" no primeiro turno, incentivado por Lula.
— Voto útil para quem? Não é para o povo. Útil para o povo é o voto que vai livrar o Brasil da política populista que esses candidatos pregam — afirmou ao chegar ao SBT, em referência ao petista e Jair Bolsonaro.
O candidato também disse que a polarização fez com que propostas não fossem discutidas ao longo da campanha.
— Minimalismo político empobreceu a eleição — afirmou.
O petista atribuiu, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (23), a falta a conflitos de agenda e desconhecimento de um dos debatedores. Lula disse que, quando o debate foi agendado, ele já tinha comícios marcados. Ele afirmou também que não teve tempo para conhecer o novo candidato, que ele "nem sabe quem é", em referência a Padre Kelmon (PTB).
Os veículos de imprensa que organizam o debate informam que a formação do pool ocorreu antes mesmo da sugestão dada pelo petista e que, desde 22 de março, todas as campanhas estavam informadas da data do evento.
Em nota divulgada também na sexta, o conjunto de veículos de comunicação informou que recebeu com surpresa a justificativa, pois, "diferentemente do que foi declarado pelo candidato, a formação do pool deu-se antes mesmo da sugestão feita por sua campanha". A parceria foi firmada em março deste ano.