A candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet, admitiu nesta sexta-feira (26), em sabatina no Jornal Nacional, que seu partido fez parte de escândalos de corrupção como o petrolão, durante o governo do PT, e disse que precisou vencer uma "maratona" para se manter com um dos nomes da chamada terceira via na disputa ao Palácio do Planalto.
Na entrevista, a senadora afirmou uma ala da sigla tentou "puxar o seu tapete" na disputa ao Planalto, mas ressaltou que o MDB é "maior do que seis caciques".
— Tentaram levar o partido para (ex-presidente) Lula, judicializaram minha candidatura e foi rejeitada ação — afirmou.
— O MDB é um partido ético. Essa meia dúzia que esteve envolvida no petrolão do PT não está conosco — completou a candidata.
Simone entrou na corrida presidencial como a candidata da chamada terceira via, após desistências de nomes como o do ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) e do ex-governador João Doria (PSDB). Além disso, a senadora enfrentou resistência de seu próprio partido — uma ala do MDB defendia apoio a Lula já no primeiro turno das eleições. Ela afirmou que a "polarização" entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro "cooptou" alguns companheiros do partido.
A emedebista reservou a maior parte dos primeiro minutos da entrevista para fazer críticas às gestões de Lula e de Bolsonaro.
— Eu sou a candidata de muitas pessoas que não querem voltar ao passado e não querem permanecer no presente. Estamos diante de uma polarização política e ideológica que está levando o Brasil ao abismo — afirmou a candidata.
Simone defendeu ainda o fortalecimento de mecanismos de transparência e fiscalização para o combate à corrupção.
— Vamos estar investindo na independência no Ministério Público. No meu governo, vai haver transparência absoluta. Temos de deixar de lado esse presidencialismo de coalizão, que é de cooptação, que aconteceu no mensalão — disse.
Ela defendeu um "presidencialismo de conciliação", trazendo para perto quem pensa como sua gestão.
Durante a sabatina, a senadora prometeu, se eleita, indicar o mesmo número de homens e mulheres em seu ministério. Ela foi questionada sobre como pretende cumprir a medida, uma vez que o próprio partido, o MDB, indicou 66% das candidaturas de homens para a disputa deste ano.
— Não é só do meu partido. São de todos os partidos. Eles só cumprem a cota — disse.
Orçamento secreto
A senadora afirmou que pretende combater a prática do orçamento secreto "abrindo as contas dos ministérios".
— Não é com diálogo apenas. Uma portaria para que todos os ministros abram as contas dos seus ministérios. A partir do momento que a gente abre essas contas, a gente coloca os órgãos de fiscalização e controle e o orçamento secreto acaba rapidinho — disse.
A senadora foi a última convidada da série de entrevistas do Jornal Nacional, que recebeu os principais presidenciáveis ao longo da semana, marcada pelo início da propaganda eleitoral no rádio e na TV. Foram sabatinados Bolsonaro, Lula e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).